Muitos pais e mães têm me procurado ultimamente, questionando sobre o uso de videogame pelas crianças. Claro que eu acho que existe a idade certa, os jogos mais recomendados e o limite de uso que torna o videogame saudável. Mas, respeitando-se tudo isso, e com uma supervisão frequente dos pais, acredito que o videogame possa ser encarado com naturalidade dentro de casa, e que possa, inclusive, trazer benefícios.

Já pensou que videogame pode ser um desafio diário que seu filho aprende a superar? Que ele pode ajudar a criança a lidar com a frustração (normalmente você erra mil vezes antes de acertar, ou passar para a próxima fase, não é mesmo?). Que pode ser uma grande lição sobre administração do tempo? Vem dar uma espiadinha no post, e depois me conta sua experiência pessoal nos comentários, combinado?

Imagem: 123RF

Raciocínio rápido
Esse é um dos pontos positivos mais defendidos por quem é de fã de games. O turbilhão de informações na tela exige que a criança desenvolva agilidade, raciocínio e a capacidade de tomar decisões em frações de segundos. Repare na velocidade com que seu filho aperta os botões do controle: cada um desses movimentos representa uma ação no jogo. Processar tudo isso não é fácil, mas, para os pequenos, parece algo bem natural.

Criatividade e persistência
Situações que fazem com que o jogador volte para um mesmo ponto do jogo em caso de falha estimulam a persistência e a criatividade para buscar novas soluções e resolver aquele problema. Se seu filho disser que demorou uma hora para vencer um inimigo ou para superar um determinado obstáculo em um jogo, entenda que esse desafio certamente despertou essas habilidades nele. Converse sobre o feito e se surpreenda com o relato de como foi essa vitória.

Trabalho em equipe
Jogos online oferecem ao seu filho a chance de desenvolver habilidades cooperativas que serão muito valiosas no futuro. Porém, esses games merecem uma atenção especial dos pais, principalmente quando existe um chat entre os jogadores. Infelizmente, alguns jogos online sofrem com ambientes bem tóxicos, repletos de ofensas. Mas calma, você não precisa generalizar e proibir toda e qualquer experiência multiplayer! Várias desenvolvedoras adotam uma série de medidas para que haja mais harmonia entre quem está em rede. Vale a pena pesquisar melhor caso a caso, para entender como é o ambiente online do game que seu filho quer jogar.

Sensação de recompensa
Uma vitória, um item secreto encontrado, ou mesmo um pulo certeiro ativam o sistema de recompensa do cérebro de quem está jogando. Essa sensação traz um prazer e um orgulho muito grandes para o gamer, mas também está relacionada ao vício, já que a pessoa sempre quer repetir essa experiência mais e mais vezes. Entretanto, ao invés de cortar os games de uma vez, vale mais a pena colocar limites no passatempo, deixando seu filho obter essas conquistas com moderação, para que sejam apenas benéficas.

A importância da frustração
Assim como a vitória, a derrota também tem a sua importância. Afinal, seu filho precisará lidar com várias situações frustrantes da vida, mais cedo ou mais tarde. Então é melhor que ele já comece a aprender com essas falhas em um ambiente controlado, que não ofereça riscos reais. Certos jogos, na verdade, adotam a frustração como um elemento base do seu desenvolvimento, obrigando o jogador a superá-la a todo instante, até chegar ao momento de triunfo.

Gerenciamento de tempo
Sabendo de tudo isso, fica mais fácil saber como fazer com que a (muito necessária) limitação do tempo jogando seja encarada pelo seu filho como parte integrante do desafio. Por exemplo, se você disser que ele poderá jogar por no máximo duas horas por dia, ele terá que planejar muito bem suas ações no jogo para aproveitar ao máximo esse prazo. Daqui a alguns anos, quando ele tiver que incluir na rotina a preparação para o vestibular ou tiver um tempo muito curto para entregar uma determinada tarefa no trabalho, esse aprendizado será útil, pode apostar! Para estimulá-lo ainda mais, procure conversar com o pequeno sobre o que ele vai fazer durante essa jornada de algumas horas no jogo, ao invés de só apresentar o horário como um inimigo.

Interação pai e filho (e filha!)

Você já reparou que muitos adultos têm uma dificuldade enorme de brincar com os filhos? Para mim o nascimento de Cacá foi um (re)aprendizado, pois já não me lembrava como brincar com bonecas, panelinhas, etc. Acredito que o obstáculo para os homens possa ser ainda maior (afinal, nunca foram ensinados a interagir com os filhos – ainda bem que isso está mudando!) – e na prática passam pouco tempo brincando com os pequenos. O videogame, nesse sentido, pode ser um grande aliado da interação pai e filho, pois é um dispositivo com que os pais já estão familiarizados. Ele pode render bons momentos de diversão com os filhos, tanto meninos quanto meninas!

Diversão!
No final das contas, a melhor parte é que todo esse desenvolvimento virá acompanhado também de muita diversão. Vale até repetir a dica: converse bastante com seu filho, ouça quando ele vier empolgado dizendo como conseguiu superar um determinado desafio no videogame. Muitos pais nem imaginam o quanto os pequenos raciocinam para vencer uma simples partida ou desvendar algum enigma virtual. Enxergar os jogos através dos olhos de uma criança pode ser uma prática muito reveladora. Experimente!