Quando Catarina nasceu, eu sabia muito pouco sobre bebês. Cacá foi a primeira neta dos dois lado da família, e as poucas crianças com quem eu tinha tido contato eram filhos de amigas. Mesmo assim, eu havia fugido todas as vezes em que elas me ofereciam para trocar uma fralda, ou para colocar o bebê para arrotar. “Quando chegar a minha vez eu aprendo”, esse era o meu discurso. O que significa que eu não estava familiarizada com esse mundo infantil, muito menos com a amamentação e a livre demanda. Ah, se eu pudesse voltar no tempo…

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Sim, eu teria aproveitado as chances de “treinar” que me ofereceram. Além disso, eu teria procurado outras fontes de informação além dos livros mais tradicionais e antigos. Pena que na época não havia blogs e outros relatos pessoais na internet, por isso uma recém-mãe acabava ouvindo apenas a opinião da mãe, da sogra, do pediatra. E quando Catarina nasceu, ninguém me explicou quais eram exatamente os benefícios da livre demanda.

Sendo bastante justa, a pediatra da minha filha, na época, me contou que a sucção do bebê era um grande estímulo para a produção do leite materno. Lembro dela ter dito em nosso primeiro encontro, enquanto eu ainda estava grávida: “quanto mais você colocar o bebê para mamar, mais leite terá”. Eu entendi o recado, mas pensei que bastava seguir o “horário” das mamadas direitinho, sem pular nenhuma. O que eu não havia compreendido é que não deveria haver uma hora marcada para amamentar – o que muda completamente o processo.

As mulheres mais velhas da família, por outro lado, me diziam para “não acostumar mal” minha filha. “Você é quem dita o ritmo do bebê, então já vai acostumando a amamentar a cada três horas. E depois do primeiro, segundo meses, comece a esticar o intervalo, porque ele já consegue mamar uma quantidade maior de leite a cada mamada”. Claro que eu acreditei nessa história, e ficava de olho no relógio. Mas como era difícil chegar nas três horas! Cacá chorava muito antes disso (até porque, sem chupeta, ela sentia necessidade de sugar para se acalmar), e eu ficava no maior conflito: será que estava fazendo tudo errado? Mesmo contrariando as opiniões alheias, eu antecipava as mamadas, também por perceber que meu peito não produzia muito leite

Por fim, quando Catarina completou seu primeiro mês, veio a notícia de que ela não estava ganhando peso suficiente. Foi aí que, por sugestão da pediatra, eu diminuí ainda mais o intervalo entre as mamadas, às vezes dando o peito de hora em hora. Conclusão: só nesse ponto é que eu cheguei à livre demanda, completamente exausta e preocupada (com um bebê que não ganhava peso).

Tendo passado pela experiência, hoje eu faria de outra forma com um segundo filho. Eu teria jogado o relógio longe, e teria me concentrado exclusivamente no bebê. Eu não me importaria de conforta-lo com o peito, mesmo sabendo que ela havia mamado pouco tempo antes. Eu não teria medo de “acostuma-lo mal”, porque saberia que se ele estivesse saciado e tranquilo, conseguiria descansar (e eu também. Consequentemente até a produção de leite aumentaria).

Mas antes de terminar o post, eu gostaria de contar algo que eu NÃO faria: não acostumaria o bebê a dormir sempre mamando. Porque nesses cinco anos de blog, recebi incontáveis emails de mães que me contaram ter feito isso, e que dessa forma acabaram criando uma associação errada de sono para o filho (que não conseguia dormir sem ela. Alguns desses bebês, inclusive, começaram a acordar 3, 4 vezes por noite pedindo o peito para voltar a dormir).

Acredito que sejam dicas válidas para quem está começando a amamentar, e espero que te ajudem também!