Qual é a primeira coisa que fazemos quando chegamos a algum lugar com nossos filhos? Cumprimentamos os conhecidos, e em seguida incentivamos os pequenos a fazer o mesmo, certo? Aqui no Brasil, em geral usamos como forma de dar “oi” os beijos no rosto – coisa que nem todo filhote tem vontade de fazer.

Há um certo tempo, inclusive, eu escrevi aqui no blog um post com uma dica para o caso do filhote não querer cumprimentar ninguém (no caso, eu estava me referindo às pessoas mais próximas da criança, como os avós e tios). E recebi alguns comentários de leitoras que diziam não concordar com isso, pois achavam que o filho deveria ser livre para se comportar como quisesse, em relação ao próprio corpo. Embora eu ache que é papel dos pais ensinar como se comportar, especialmente em relação aos familiares que tanto bem querem à criança (se não mostramos, quem vai mostrar?), também concordo que não dá para forçar um contato físico, mesmo que simples, como um abraço, se o filho mal conhece aquela pessoa, ou se não demonstra qualquer afinidade com ela. Isso porque o filhote tem, sim, direito sobre decidir sobre seu corpinho.

Lembrei-me de tudo isso quando vi um anúncio que está bombando na internet, da agência CAPS Hauraki, da Nova Zelândia. O órgão, de proteção às crianças contra o abuso infantil, postou na sua página no Facebook, Safe kids, thriving families (traduzindo: crianças seguras, famílias prósperas), uma imagem de uma garotinha com a seguinte frase: “Eu tenho 5 anos. Meu corpo é meu corpo. Não me force a beijar ou abraçar. Eu estou aprendendo sobre consentimento e o seu apoio irá me ajudar a me manter segura para o resto da minha vida”. O que significaria que essa criança que hoje aprende a dizer não para o contato físico que ela não quer, também saberá dizer mais tarde, evitando todo tipo de abuso.

Muitos internautas se posicionaram contra a campanha, e a própria agência se manifestou publicamente dizendo que não é contra demonstrações de afeto, como beijos e abraços, mas que “uma das maneiras de proteger nossas crianças é mudando nossos hábitos culturais no que diz respeito a consentimento e autonomia corporal”.

Minha opinião pessoal: acho que nenhuma criança deve ser obrigada a ter um contato físico com quem não quer (ou enquanto não se sentir à vontade com aquela pessoa) – mesmo que seja um abraço ou beijinho no rosto. Mas pode demonstrar educação com um simples aceno de mão, não é mesmo?