Quando penso na formação de Catarina, de uma forma completa, desejo que ela tenha boas noções de educação financeira. Pode parecer besteira, mas tenho certeza de que não é: eu mesma sabia muito pouco sobre dinheiro (aprendi com meus pais a gastar menos do que ganho – o que acho imprescindível, mas não o bastante), e acabei aprendendo mais apenas depois de adulta. E vejo que outras pessoas da mesma idade, que conheciam melhor o assunto desde a infância, conseguiram, de forma geral, construir um patrimônio maior do que o que eu já conquistei.

Você pode estar pensando agora: mas meu filho é tão pequenininho, e lá vem essa chata falar sobre dinheiro? É que eu percebi que é possível falar sobre economia com nossos filhotes desde cedo (não é uma missão impossível, eu juro!). Com pequenas atitudes, que podem surgir em momentos do dia a dia, dá para introduzir o assunto de uma forma leve, e mostrar ao filhote a importância de poupar – e quanto antes você começar esse aprendizado, mais naturalmente ele acontecerá. Além disso, acredito que uma criança que tenha contato com esse conhecimento cresce valorizando um consumo consciente – o que diminuirá sensivelmente até as birras nas horas das compras!

Imagem: 123RF

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Se você também pensa como eu, dê uma espiadinha em algumas dicas que separei a seguir. E depois em conte como você trata a questão aí na sua casa!

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  1. Aproveite quando o seu filho pede algo: é muito comum que um filho peça algo que você não pretende comprar na hora, não é verdade? Já pensou que esse é um ótimo momento para ensiná-lo como economizar nas compras? Você pode fazer assim: mostre ao filhote o preço do que ele quer e quanto será necessário que ele economize para comprá-lo. Então, como incentivo, ofereça à criança, depois de algum tempo, o mesmo valor que ela tiver poupado (por exemplo: se ela conseguir economizar 10 reais, complete com mais 10). Mais uma dica é que, para acompanhar o progresso da sua economia, vocês podem fazer juntos uma planilha ou tabela, em que anotam o quanto já foi poupado e o quanto ainda falta para conseguir o item de desejo.
  1. Leve-o às compras com você: crianças são muito perceptivas e analisam tudo o que fazemos, o tempo todo. E o nosso comportamento durante uma compra, se o pequeno estiver junto, também será alvo de “análise”. Portanto, leve-o às compras com você e pesquise preços em estabelecimentos diferentes, pergunte sempre na hora de pagar se há desconto, prefira o pagamento à vista (ou ensine que o parcelamento sem juros também é uma forma de pagar menos, se o dinheiro permanece rendendo no banco!). Todos esses hábitos básicos, essenciais para a saúde financeira, devem ser mostrados à criança por meio do exemplo. E também, aos poucos, tente explicar a ela por que você toma essas medidas, antes de adquirir um produto. 
  1. Incentive-o a adquirir alguns produtos usados: você costuma frequentar lojas de produtos usados? Pois as famílias que têm esse hábito devem incentivá-lo junto aos pequenos. Por exemplo, se a criança quiser um livro novo, faça uma pesquisa na internet para verificar se a obra está disponível em algum sebo e se o preço compensa mais do que a aquisição na livraria. Em caso afirmativo, mostre ao filhote a diferença nos valores (porque nem sempre é fácil convencê-lo de que algo usado é melhor do que um novo). E acredite: se ele for adquirir o produto com o próprio dinheiro, provavelmente vai gostar bastante da ideia de economizar na compra! Lembre-o também de que a economia pode abrir espaço para comprar mais alguma coisa que ele queira, mas que a qualidade do item usado vem em primeiro lugar (se não estiver em bom estado de conservação, provavelmente ele terá que gastar duas vezes, comprando em seguida um novinho em folha!).
  1. Faça das compras uma brincadeira: que tal transformar o dia de compras em uma caça ao tesouro? Você pode selecionar um produto e o desafio será encontrá-lo pelo menor preço (ou encontrar o item mais em conta no mesmo local, que pode ser de uma marca diferente). Também é válido, depois das compras e da brincadeira, rever com a criança o quanto vocês economizaram com essa pesquisa. Esse é mais um reforço para que ela entenda a importância de pesquisar preços.
  1. Mostre que nem sempre marca é importante: especialmente para produtos escolares, nem sempre aquele que tem um personagem famoso estampado é o melhor em qualidade (e muito menos o mais em conta – mas quase sempre é o que os nossos filhos pedem!). Em uma situação assim, em que o filhote quer o mais caro, explique a ele que um produto mais barato pode ser tão bom (ou até melhor) quanto o de valor mais alto. Para facilitar a troca, ofereça ao pequeno o dinheiro que for economizado com a compra do item mais barato – ele pode comprar algo de que goste ou guardar no cofrinho, para conseguir adquirir aquele tão sonhado presente!
  1. Introduza a diferença entre necessidade e vontade: essa regra vale ouro para todo mundo que quer economizar, e pode ser repassada às crianças. Por exemplo, quando o filhote pede alguma coisa nova, verifique se ele já não tem aquilo (e se ainda está em boas condições de uso). Pedir um novo do que já se tem é uma prática muito comum na época de compra de material escolar, por exemplo. Nesse caso, é interessante sentar com a criança e explicar a diferença entre vontade e necessidade. Ainda no caso do material, uma “necessidade” pode incluir um fichário novo para substituir o que está quebrado, enquanto a “vontade” inclui uma roupa ou objeto de uma marca específica, que não seja fundamental. Mais uma vez, uma medida para incentivar a prática (que nem sempre é bem aceita pela criança) é reforçar que, com o dinheiro que for economizado, deixando de comprar algo que ela não precisa, ela pode adquirir outra coisa – que ela precise e queira, às vezes até um pouco mais cara.

Para saber mais como introduzir educação financeira às crianças, não deixe de conferir neste post uma entrevista que fiz com o educador Gustavo Cerbasi. Imperdível!