Hoje é um dia feliz por aqui. E se vocês tentarem adivinhar o porquê, provavelmente não terão sucesso. Eu não ganhei na loteria, aliás, só paguei o cartão de crédito do mês. Não recebi um elogio como recebia aos vinte anos, dizendo ser impossível que eu tivesse aquela idade (muito pelo contrário, vi mais um cabelinho branco nascendo e arranquei, na tentativa de postergar um pouco mais a primeira tintura).
Já que vocês não conseguiriam acertar, prefiro contar: hoje estou feliz porque me superei. Porque fiz algo que para muita gente não é grande coisa, mas para mim é. Eu subi uma parede de escaladas. Não, não tenho medo de altura, como muitos poderiam supor. Mas a verdade é que eu sempre desisti dos desafios que envolviam esforço físico, ao longo da minha vida.
Cacá em ação
Eu não tenho músculos fortes, essa é que é a verdade. Cresci sabendo que tinha agilidade cerebral, mas não corporal. Fugia das aulas de educação física, porque era a última a ser escolhida para o time. E me convenci de que na idade adulta eu não precisaria enfrentar situações que evidenciassem a minha pouca (para dizer ausente) familiaridade com o mundo esportivo (com o qual eu só interagia na torcida).
Acontece que eu tive uma filha. E não quero que ela cresça com o medo de jogar bola, como eu cresci. Quero que ela sinta prazer em correr, em pular, em arremessar, coisa que eu nunca senti. Quero que ela passe longe de considerar o esporte como um bicho de sete cabeças, como por muito tempo eu considerei (para não dizer que não gostava de nenhum, o único que eu apreciava era nadar, e mesmo assim sem competir, porque sabia que iria perder).
Mas como mostrar isso a um filho, se o seu exemplo diz exatamente o contrário? “Vai lá jogar, filha!”, mas você mesma corre para longe quando a partida começa. “Vamos, você consegue correr!”, mas nem andar na esteira você anda.
Então hoje eu resolvi fazer diferente. Olhei para aquela parede de escaladas enorme (a maior indolor de São Paulo), e decidi subir. Mesmo que eu “pagasse mico”, mesmo que só conseguisse subir um metro de altura. E querem saber? Foi o máximo! A cada avanço eu olhava para cima, e pensava que eu queria subir mais. E olhava para baixo, e via a carinha de Catarina admirada em me ver lá em cima.
De repente minha mente esvaziou. Eu não tive medo, não me preocupei em cair, em não conseguir subir até o alto, apenas curti demais o momento. E me realizei quando desci e ouvi da pequena: “mãe, agora é a minha vez”.
Acreditem: eu sou a pessoa do meio! E a foto quem tirou foi Catarina!
Minha escaladora! Ela teve medo, mas encarou e se divertiu muito!