A maternidade é mesmo uma caixinha de surpresas. No início, você percebe que tudo o que você acreditava ser certo para criar um filho não se aplica necessariamente ao seu. Você achava que conseguiria fazê-lo dormir acordado no berço, mas ele só dorme ninado no colo. Ou achava que ele adoraria mamão (que você ama, por sinal), mas é a fruta que ele mais detesta.

O tempo passa e você vai pegando o jeito do pequeno. Aprende que tem que ser mais flexível com as suas expectativas, mas se esquece de fazer o mesmo com as outras mães. Sabe qual é o resultado? Uma série de julgamentos! Você pensa consigo mesma: “eu nunca deixaria meu filho na escola em tempo integral, eu jamais teria uma babá de segunda a sexta para delegar seus cuidados”. Mas eu não me iludo: sei que outras mães podem considerar vários dos meus hábitos uma loucura (afinal, minha filha não come só coisas naturais – já comeu, mas ao longo do tempo fui liberando algumas “besteiras”. E ainda me chama durante a noite, mesmo tendo cinco anos).

Imagem: 123RF

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E não é que sendo mãe você aprende mais ainda? Porque chega o dia em que você passa a julgar menos, por perceber que não existe receita para criar um filho. Sem tipo certo (e errado) de parto, de amamentação, de lidar com a crise de birra, de horário para colocar o pequeno na cama, de idade para mandar para a escola. Você deixou sua carreira de lado para ficar em casa, leva-lo ao colégio, à natação, ao médico, mas sabe que nem todas as mulheres podem (ou querem) fazer o mesmo! Tem aquela que sai cedinho e volta tarde da noite, coloca os filhos na perua, sem deixar de ser uma baita mãe. Que coloca limite, que acalenta, que sabe tudo o que se passa na vida no filho, quem são seus amigos (e os pais deles). Como também existe aquela que não faz nada disso, mesmo sem trabalhar fora (e vice-versa).

Aos poucos eu fui descobrindo que ser uma boa mãe é uma atitude que você decide ter, independentemente de como sua rotina está estruturada. Que não tem a ver com abdicar da própria vida (nem pessoal, nem profissional) – embora você possa escolher deixar muita coisa para trás, sim, sendo feliz dessa maneira (e sendo bastante honesta, provavelmente você terá que fazer certas escolhas). Ser uma boa mãe é ter o comprometimento de se fazer presente, de passar para o filho o sentimento de que ele é amado e pode contar com você sempre. É criar uma criança saudável, do ponto de vista físico e psicológico, segura, alegre, generosa, respeitosa. Da forma que encontrar para isso.