Vocês sabem que eu adoro quando vocês compartilham comigo suas histórias de maternidade! E hoje tem um desses relatos incríveis no blog: o nascimento das lindas gêmeas Alice e Isabela, filhas de uma querida leitora de Blumenau (SC), a Eleandra Barbieri. A seguir, ela conta sobre a conturbada comunicação com seu obstetra, a dificuldade em receber o diagnóstico de pré-eclâmpsia, e as consequências que suas filhas sofreram pelo nascimento antecipado.

Uma história da força de uma mãe e de duas filhas muito fofas, que hoje estão ótimas. Vem ver e se emocionar também!

 

“Tentei engravidar durante três anos. Uma tentante ansiosa e que resolveu fazer uma videolaparoscopia porque já tinha certeza de que tinha endometriose. E numa pira pela cirurgia, esqueci… E engravidei. Uma felicidade sem fim, e a segunda felicidade foi a gemelaridade! Descobri com cinco semanas. Quase morri com os enjoos, e a fase mais delícia foi o segundo trimestre! A barriga crescendo, as meninas mexendo, tanta felicidade! Com 28 semanas comecei a ter inchaço nos pés e tornozelos, também tinha dor. Trabalhava só meio período, porque eu achei melhor, meu obstetra falava que eu poderia trabalhar até 32 semanas. Uma das coisas que estranhei foi o fato do obstetra só querer me ver de mês em mês, mesmo no final da gestação, mesmo sendo especialista em parto de risco. Eu controlava minha pressão e tentava não encanar com nada, pois sou fisioterapeuta, e a gente fica ainda mais neurótica.

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As lindas gêmeas Isabela e Alice. Imagem: Arquivo Pessoal da mãe, a reprodução não está autorizada.

As lindas gêmeas Isabela (de óculos) e Alice. Imagem: arquivo pessoal da mãe, fotografia de Nanda Farias

Com 32 semanas, fui internada com a pressão elevada. Avisei ao médico que estava no hospital, e ele nem veio me ver. Meu marido falou pessoalmente com ele, e a resposta foi: ‘mas ela está bem!’. Bom, como eu estaria bem, se estava no hospital? Enfim, fiquei três dias internada, e dois dias depois teria consulta com o obstetra, o que fez com que os plantonistas da obstetrícia liberassem a ‘bomba’: saí do hospital tomando anti-hipertensivo (pressão 15/9, 15/10…). No dia da consulta, o médico só dizia que tudo era normal. Eu ganhei 14 quilos de um mês para outro (como isto é normal?) e a pressão na consulta era de 17/9. Tinha edema (inchaços), nas mãos, pés, pernas, rosto… Todos sinais de pré-eclâmpsia, e o médico só dizia que eu tinha que esperar mais duas semanas. Um dia, depois da consulta, comecei a ter dor de cabeça, náuseas, e ao mensurar minha pressão, aquele aparelho digital só dava erro. Como tenho uma prima médica, pedimos ajuda para ela e, logo ao me ver, ela entrou em contato com o médico. A resposta dele foi: ‘fala para ela ir ao pronto-socorro tomar um remedinho e voltar para casa’. De acordo com ele, ele estava em outra cidade e não poderia me atender.

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No hospital, a pressão em 17/10, a enfermeira enlouquecida chamou o plantonista e eu começava a vomitar ‘a alma’. Meu primeiro dia de 33 semanas não estava nada bom. Assim que o plantonista me viu, já avisou que se não fizessem o parto eu entraria num quadro de eclâmpsia – que é uma das maiores causas de morte materno-infantil.

Na hora eu pensei que tudo estava acabado e que péssimo presente eu dava para minha mãe (que faria aniversário no outro dia).

Lembro-me de pouca coisa do parto. Lembro-me do anestesista tentando acalmar o obstetra quanto à minha pressão, do choro e de não ter minhas filhas ao meu lado ao nascer. O obstetra me falou que minha segunda gêmea havia aspirado mecônio.

As meninas nasceram grandes, ambas com 42 cm, a Alice com 2, 385 kg e a Isabela com 2,600 kg. E o mais particular do nascimento delas: Alice nasceu dia 3/5/2013 às 23h59 e a Isabela dia 4/5/2013 a 00h! As gêmeas dos dias diferentes…

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As duas foram para a UTI, a Alice, a primeira nascida, teve angústia respiratória, só ficou no Hallo e quatro dias de UTI, mais 12 dias de berçário. Graças a Deus sem complicações maiores. A Isabela, devido à aspiração de mecônio, logo teve que ser entubada, ficou assim 10 dias. E foi 10 dias depois do seu nascimento que eu pude pegar a pequena no colo. Tivemos icterícia, hipotensão, anasarca (edema generalizado) e eu só ouvia que o caso dela era grave, mas que ficaria boa.

Foram 15 dias de UTI, desses, três dias eu só conseguia vê-la à noite e à tarde, pois eu e a Alice havíamos recebido alta e meu marido tinha voltado ao trabalho. Foram três dias de muita dor no coração, que meu cérebro deu uma apagada em alguns momentos. Lembro-me de poucas coisas dessa fase…

O dia mais feliz foi o dia da alta com a família completa. Estava tudo bem, desenvolvimento bom. Até que aos sete meses a Isabela teve quatro convulsões. Duas em dias alternados – e duas no dia 24/12! Sim! Nosso Natal foi no hospital e com a família dividida. A partir dali a Isabela iniciou o uso de Gardenal (ou o Fenobarbital). De acordo com o neuropediatra, todo sofrimento fetal, UTI, prematuridade são fatores causais das convulsões. Depois dessas tivemos mais uma convulsão, mas desta vez febril, por conta de roséola. Crianças com convulsões são mais suscetíveis a convulsões febris.

Ela e a irmã tiveram o desenvolvimento motor dentro do esperado, imagino que a mãe fisioterapeuta tenha ajudado nesse processo (risos).

Com 11 meses, a Isabela ficou mais uma semana internada: pneumonia. Ok, ok… Chega de emoções? Não!

Atraso na fala… A Alice começou a falar agora, com dois anos e dez meses, faz acompanhamento com fonoaudióloga. A Isabela, por conta do Gardenal, já faz fono desde o ano passado, parou com o Gardenal em setembro e, graças a Deus, seu desenvolvimento deu um salto. Ainda não fala, mas se comunica. Começaram na escolinha este ano e, com um mês e meio de creche, vejo uma baita diferença no comportamento, na autonomia delas.

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Para mim, a prematuridade, o histórico do parto, me deixaram um tanto neurótica. Nesta época do ano, nos últimos três, sempre me emociono e revivo o que passamos. Elas estão bem, esbanjando saúde, mas ainda temos que ajustar os marcos do desenvolvimento.

Penso que tudo é ensinamento, mas nem sempre é fácil, já me culpei. Pois, como eu, como profissional da saúde, fiquei à mercê do obstetra? Mas sempre mentalizei que naquele momento eu só queria ser mãe, e que definitivamente ele havia estudado para isso…

Hoje não deixo passar nada com as minhas filhas. Não posso mais ter filhos, pois a chance de ter uma pré-eclâmpsia, mais cedo e mais grave, é muito grande.

Deus foi generoso e mandou duas lindas meninas. Vamos ser felizes, e isso é que importa…”.