Como vocês sabem, estamos vivendo um surto de H1N1 no país. Pais e mães estão muito preocupados, as clínicas de vacinação estão superlotadas, e o número de casos já supera em muito os do ano passado.
Em 2009, não sei se vocês se lembram, tivemos uma epidemia no Brasil (e no mundo) dessa gripe, que é causada por um tipo específico de vírus Influenza A.
Depois de alguns anos de retração, a doença voltou com mais força – só entre 3 de janeiro e 19 de março desse ano houve o relato de 305 indivíduos infectados no país, com 46 mortes, segundo boletim do Ministério da Saúde.
criança sendo vacinada. Foto: freepik
O método mais eficaz de prevenir a H1N1 é a vacinação (mas é claro que ninguém pode descuidar dos cuidados básicos, como lavar as mãos sempre, evitar o contato com pessoas doentes e a permanência em locais de grande aglomeração, sobretudo com as crianças).
E, apesar de tanto se falar sobre o assunto, vejo que muitas mães continuam com dúvidas importantíssimas sobre a vacina – a partir de qual idade ela é recomendada, qual a diferença entre a trivalente e a tetra, entre a dada no sistema público e nas clínicas privadas.
Por isso resolvi fazer esse post, com tudo o que você, pai ou mãe, precisa saber sobre a vacinação contra o H1N1. São informações importantíssimas, que valem a pena ser compartilhadas – afinal, é uma questão de saúde pública!
Trivalente ou tetravalente? Quais os tipos de vacina contra H1N1 e qual é a melhor?
vacina – Foto: Freepik
A vacina contra H1N1 protege contra outras variações de gripe também, e existem dois tipos: a trivalente, que protege contra H1N1, H3N2 (que é outro tipo de vírus Influenza A) e Influenza B; e a tetravalente (que garante a imunização contra os três tipos da trivalente e mais outra variação de vírus Influenza B).
Aqui cabe um comentário pessoal: quando cheguei à clínica para vacinar Catarina, muitos pais estavam voltando para trás, sem vacinar os filhos, porque a tetravalente havia acabado.
Mas é importantíssimo lembrar que ambas, a trivalente e a tetravalente, protegem contra o H1N1 (que é a grande preocupação no momento). Por isso, se você não encontrar a tetra para dar ao seu filho, vacine com a trivalente!
Ouvi, inclusive, uma entrevista com o Dr. Drauzio Varella (que você vê aqui), na qual ele dizia que a proteção adicional dada pela tetra não deve ser uma grande preocupação, uma vez que o vírus a mais que ela cobre é pouco circulante no Brasil (tanto é que apenas a vacina trivalente será fornecida pelo sistema público!).
Quem pode tomar a vacina contra H1N1?
criança tomando vacina – Foto: Freepik
Qualquer pessoa com mais de seis meses de idade (mas é importante salientar que algumas vacinas disponíveis na rede particular só podem ser dadas a crianças acima de 3 anos! Por isso é fundamental perguntar qual é o tipo de vacina disponível, ao ligar para uma clínica, e para qual idade ela é recomendada!).
Na rede pública estão sendo vacinados (gratuitamente, claro) apenas os chamados grupos vulneráveis, que são: crianças de seis meses a cinco anos (incompletos), pessoas com doenças crônicas (ou seja, mesmo que seu filho tenha cinco anos ou mais, poderá tomar se for portador de alguma doença crônica, como a asma.
Só não se esqueça de pedir uma indicação do médico por escrito alegando a doença e indicando a vacina, e levá-la à unidade de saúde), gestantes, mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias, idosos, índios e profissionais da saúde.
Se você ou seu filho não pertencem a um desses grupos (nem os vulneráveis e nem os “proibidos”), o caminho para conseguir a vacina é a rede particular.
Nesse caso, é importante saber que muitas clínicas privadas estão oferecendo lotes de 2015 da vacina, inclusive a preços mais em conta.
criança tomando vacina – Foto: Freepik
Mesmo sendo referente ao ano anterior, essa imunização é eficiente contra H1N1. O único problema aqui é que a proteção fica comprometida em relação à H3N2 e à Influenza B, pois a vacina muda todos os anos e, no caso dessas doenças, aconteceram alterações (sobre o vírus da H1N1 não).
Também vale destacar que quem já tomou a vacina em anos anteriores e apresentou reações alérgicas, ou ainda quem teve a Síndrome de Guillain-Barré ou possui alergia grave ao ovo deve consultar seu médico antes de tomar a vacina, pois podem ocorrer efeitos colaterais e, por isso, a imunização pode não ser recomendada.
No caso dos alérgicos ao ovo, o que acontece é que a vacina possui traços da proteína presente no alimento (devido ao próprio processo de fabricação), o que pode prejudicá-los.
Já sobre a Guillain-Barré algumas pesquisas apontam que a vacina da gripe pode ocasionar a síndrome (em um número muito baixo, sendo duas pessoas para 1 milhão de doses). Contudo, os próprios autores de um desses estudos, feito no Canadá, acreditam que os benefícios da vacina compensem o risco.
Rede pública ou particular: as diferenças na vacina
vacina – Foto: Freepik
Como já comentei anteriormente, na rede pública estará disponível apenas a vacina trivalente, recomendada a partir dos 6 meses de vida.
Na particular você pode encontrar a tri e também a tetravalente (lembrando que algumas marcas podem ser ministradas apenas a partir dos 3 anos de idade). Em relação ao H1N1, ambas são igualmente eficazes (eu, por exemplo, dei a trivalente para Catarina e estou tranquila quanto à proteção que ela está recebendo).
E se meu filho já tomou a vacina no ano passado?
A vacina produzida nesse ano de 2016 tem a mesma cepa de H1N1 (ou seja, é feita para combater o mesmo tipo de vírus) que a do ano passado. Em relação aos outros vírus cobertos a vacina é diferente.
Mas se em relação ao H1N1 a vacina é similar, por que vacinar novamente quem foi vacinado no ano passado? Porque a quantidade de anticorpos que o corpo produz cai ao longo dos meses, e depois de um ano ela já não é suficiente para impedir a contração da doença (a proteção dura entre seis e oito meses).
Se você ou seu filho tomaram a vacina contra a gripe há mais de seis meses (para quem tomou pela rede pública certamente faz mais tempo, porque a campanha nacional aconteceu em maio de 2015), terão que tomar novamente, porque o período de imunização já passou. Se seu filho está tomando pela primeira vez terá que tomar duas doses para ficar imune.
Quem não pertencer a grupos de risco deve tomar?
Se for uma pessoa que tenha contato com pessoas pertencentes a esses grupos, como idosos ou crianças (daí entram pais, cuidadores e professores, por exemplo) é importante tomar, sim. Dessa forma ela contribui para a não-propagação da doença, que é causada pela transmissão do vírus de uma pessoa a outra.
Início da campanha nacional contra H1N1
criança tomando vacina – Foto: Freepik
Em todo o país, a campanha na rede pública estava prevista para o dia 30 de abril, mas está sendo adiantada, na medida do possível, para cobrir os grupos de risco.
Em algumas cidades do país (inclusive em São Paulo) a campanha já começou (lembrando que apenas para uma parcela da população).
No resto do país, é possível encontrar a vacina na rede particular, para todos os públicos. Vale saber também que o efeito da vacina não é imediato, leva de 14 a 30 dias para ocorrer – portanto, o quanto antes se vacinar, melhor!
* Se você ainda tem alguma dúvida sobre a vacina contra o H1N1, me conte nos comentários! Terei o maior prazer em ir atrás da resposta para você!
– Veja também: Onde encontrar a vacina de H1N1 (lista atualizada em 05/04/2016)