Nos próximos dois anos, as gestantes do Reino Unido deverão ser mais bem informadas sobre a opção de fazer parto domiciliar. Aliás, elas serão remuneradas para realizá-lo: o Serviço Nacional de Saúde (NHS) do país passará a oferecer 3 mil libras (cerca de 16 mil reais) para que as gestantes deem a luz dentro de casa. E por que estou compartilhando essa notícia aqui no blog? Porque ela me chamou muito a atenção – afinal, aqui no Brasil a grande maioria das mães consideram essa escolha insegura (e, sendo muito sincera, eu mesma a olhava com desconfiança!). E talvez, considerando os dados fornecidos por um país reconhecido pela qualidade de sua saúde pública, nós possamos rever nossos conceitos!
A explicação do NHS para essa decisão é que o parto feito dessa maneira é mais barato (mesmo oferecendo o valor às futuras mães) e tem se mostrado uma opção tão segura quanto parir dentro de um hospital. O órgão também afirmou que as gestantes no país ainda são carentes de informações sobre o parto domiciliar e que, além do incentivo monetário, a proposta da iniciativa é também informar melhor as cidadãs sobre o assunto, para que elas façam uma escolha consciente, conhecendo bem todas as opções disponíveis. Esse dinheiro deverá ser gasto pela gestante com parteiras, equipe médica e o que mais ela julgar necessário para esse momento.
Imagem: 123RF
O parto realizado em centros comandados por parteiras (e com auxílios complementares para a gestante, como hipnose, aromaterapia e acupuntura) também será incentivado pelo projeto, que passará a valer em 2018.
Só não farão parte do programa as mulheres com gravidez considerada de risco, como obesas ou aquelas que esperam gêmeos. Isso porque, nesses casos, o recomendado é que o parto, de fato, seja realizado em hospitais, pois podem ser necessárias intervenções de emergência (que requerem uma maior infraestrutura e até mesmo um pronto-socorro neonatal).
Decisão baseada em estudos
Segundo informações da NHS divulgadas no jornal britânico Daily Mail, atualmente 90% das gestantes do país passam por parto hospitalar, mas apenas uma em cada quatro realmente possui a vontade de ter o filho nesse local. Esses dados foram apontados em um estudo publicado em 2009 no BJOG, publicação científica voltada a estudos de ginecologia e obstetrícia.
Esse estudo também mostrou que quase o dobro de mulheres preferiria ter o parto feito em casa, e ainda que o risco de morte nos bebês nascidos dessa forma não apresenta diferença estatisticamente significativa em relação ao dos que nasceram em hospitais. Mas, para que a segurança seja garantida, é necessário fazer um ótimo planejamento e oferecer às gestantes equipes bem preparadas para acompanhar os partos em casa. E é exatamente isso que o governo britânico está se propondo a fazer nos próximos dois anos, dando suporte para a mulher pagar por profissionais bem qualificados.
Não seria muito bom se o governo brasileiro avaliasse a ideia por aqui também?