O primeiro choro sem explicação, as crises de cólica, as noites com febre, a amamentação que não flui, a dificuldade para dormir… Esses são assuntos que mexem com qualquer mãe que os tenha experimentado na prática – sofremos, tentando achar respostas. Acredito também que eles nos unem, porque evidenciam o quanto nós, mães, nos preocupamos com o bem-estar de um filho desde que ele nasce. E, no fundo, eles nos mostram que tudo o que desejamos é que nossos pequenos crescem saudáveis e felizes.
Quanto mais um filho cresce, e quanto menos tempo usamos para resolver os problemas iniciais (o refluxo, a introdução alimentar, as dúvidas sobre o desenvolvimento – se vai andar, falar, correr), mais conseguimos nos dedicar a esse objetivo primordial, o de criar um filho feliz. E como já cheguei nessa fase, passo meus dias observando os resultados das minhas ações como mãe, no dia-a-dia de Catarina. Claro que não sou especialista em felicidade, nem tenho a pretensão de ensinar como se deve educar uma criança. Apenas tive vontade de compartilhar minhas conclusões, esperando que elas encontrem eco no coração de outras mães.
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O que aprendi com minha filha sobre criar filhos felizes:
1) Seja seu porto-seguro. Porque, até onde entendo, não dá para uma criança ser feliz sem se sentir segura. Sem saber que seu pai, sua mãe (e na sua ausência, os responsáveis por ela) a amam tanto, que estarão sempre ao seu lado. E não adianta apenas dizer (embora as palavras sejam realmente importantes!), você tem que mostrar – dando-lhe a mão para ampará-lo nos primeiros tombos, abraçando-o ao fim de um dia de trabalho, sorrindo (como que dizendo: “vai ficar tudo bem”) quando ele fracassar. É também acreditando e apoiando seus sonhos, por mais inalcançáveis eles lhe pareçam. É estar presente, dando-lhe as condições para que ele se desenvolva, mesmo que, às vezes, isso signifique negar-lhe algo (o que nos leva ao item 2).
2) Diga não. Porque, como já dizia a minha mãe, é preferível que um filho receba os primeiros “nãos” da mãe, do pai, e não da vida. Dizer a um filho que você não vai dar, não vai comprar, que ele não pode, que naquele momento não é possível é um enorme presente! Ele ficará frustrado? Claro que sim! E precisará aprender a lidar com essas pequenas frustrações, que lhe darão força para enfrentar as maiores, que um dia virão. Hoje mesmo, colocando a pequena para dormir, disse que não haveria histórias, porque mamãe não estava se sentindo bem (eu mal conseguia falar, na verdade). Ela chorou (afinal, espera por esse momento todas as noites), esperneou, dizendo que daquela forma o sono não chegaria. E logo depois dormiu como um anjo ao meu lado, acariciando minha mão (não é que descobriu que dá para dormir de outro jeito?).
3) Mostre que a felicidade está nas coisas simples. Na verdade, acho que isso um filho já nasce sabendo, basta que não lhe ensinemos o contrário. Uma criança consegue enxergar a beleza de uma formiguinha que carrega uma folha, de observar as estrelas do céu ou as ondas do mar. Ela sabe que uma tarde pode ser inesquecível porque tomou um sorvete de chocolate, porque recebeu a visita de um amiguinho, ou porque brincou na água até cansar! E se o filhote crescer acreditando que são essas pequenas coisas que lhe fazem feliz (e não o tênis mais caro da loja ou a boneca de centenas de reais), certamente ele sempre terá um motivo de alegria em sua vida.
4) Ensine-o a respeitar. E quando falo em respeitar, estou me referindo a qualquer coisa que ele encontre pela frente: a própria natureza, seus objetos (que devem ser cuidados, para que eles durem o que devem durar, e também em consideração a quem os deu), e, obviamente, as pessoas. Os pais, os avós, os tios, os padrinhos, os amigos… E também o garçom que serve a mesa, o moço que o atende na padaria, a professora, a secretária da escola! Fazendo isso, o resultado é natural – ao redor do seu filho sempre haverá uma energia boa e ele será bem quisto. Ele atrairá boas companhias, porque se aproximarão dele crianças que também valorizam o respeito.
5) Mostre-lhe que existe algo maior. Independentemente de qual seja sua crença, mostre que existe sempre alguém o amparando, um ser que o ama muito. Porque mesmo quando você não estiver a seu lado, ele saberá que não está sozinho. Ele perceberá que pode ser bom, generoso, amável, respeitoso – porque sendo assim, ele se aproxima desse amor que rege todas as coisas!
* Assim como aprendi muito com minha filha, também recebi muitos ensinamentos dos meus pais, e de tantos pais e mães que encontrei pelo caminho. A todos o meu grande agradecimento, por fazerem de mim uma mãe que batalha diariamente para ser cada vez melhor!