Querido Papai Noel,
Depois de longos 30 anos sem escrever uma cartinha, aqui estou eu novamente – agora com a facilidade de postá-la via internet. Sim, eu andava meio sumida, desde que descobri que não era você quem tocava o sininho na noite de Natal, nem entregava os presentes que eu ansiava ganhar. Confesso que a decepção foi grande na época: fiquei muito tempo me perguntando o porquê de meus pais terem me contado sobre você. E admito que só entendi, verdadeiramente, depois que minha filha Catarina nasceu.
Imagem: 123RF
Entendi que você não precisa descer pela chaminé das casas para tornar a noite mágica. A grande magia está justamente em acreditar que você existe, e que olha por todas as crianças do mundo. Por aqui não costumo dizer à pequena que ela só receberá um presente se comportar-se bem o ano inteiro. Prefiro que ela acredite, pelo menos por enquanto, que todos os pequeninos têm o direito de ter seu sonho realizado, independentemente do saldo existente na conta bancária da família.
E, afinal, o que venho lhe pedir esse ano? Não é uma bicicleta (embora até fosse uma boa ideia voltar a andar – dizem que nunca se esquece, mas eu aposto que levaria uns bons tombos), uma boneca, ou um livro. Meu pedido é que minha filha se conserve com a mesma pureza que vi na cartinha endereçada a você, e que ela me ditou há alguns dias. Entre as inúmeras opções de presente que pedi que ela listasse (afinal, nunca se sabe a quantas anda o orçamento de Papai Noel), havia um item que me chamou a atenção: uma rosa cheirosa. Perguntei se ela ficaria feliz em recebê-la, se fosse a única coisa trazida por você. Ao que ela me respondeu com um sorriso, pois o mais importante era saber que você havia se lembrado dela.
Descobri que depois que você vira mãe, há pouco para se pedir, além da união da família, do pão de cada dia, de um teto que abriga da tempestade. Cabe só agradecer pela oportunidade de ver a felicidade estampada nos olhos de um filho.
Obrigada por tudo, Papai Noel (ou seria Papai do Céu?),
Da sua sempre amiga,
Mamãe