Muitos pais ficam ansiosos para ver o desenvolvimento da fala, ouvir as primeiras palavras do filhote – eu mesma, em determinado momento, passava o dia tentando fazer com que Catarina falasse.
Ela demorou muito mais para pronunciar as primeiras palavras e frases do que as crianças de mesma idade, por isso, digo por experiência própria: tenha paciência e evite comparações! Cada bebê tem seu ritmo, e, em geral, depois de alguns meses, todos eles estão falando da mesma forma!
A verdade é que não vemos a hora de saber exatamente o que aquele pequenino que tanto amamos quer nos dizer – o que ele pensa, o que sente, se há algo que o incomoda, ou onde dói quando ele chora.
E como o desenvolvimento da fala gera muitas dúvidas nas mães e pais de primeira viagem, resolvi fazer um post para esclarecer algumas questões importantes. Vem ver!
mãe conversando com o bebê. Foto: freepik
Processo de desenvolvimento da fala
A primeira forma de comunicação do bebê é o choro. Por meio dele, o pequeno consegue expressar suas vontades e, com o tempo, os pais aprendem a identificar as diferentes necessidades do filhote, como sono, fome ou incômodos e dores causadas pela cólica.
Depois disso, no processo de desenvolvimento da fala, a criança começa primeiramente a observar os pais e pessoas que estão por perto.
Essa observação envolve tanto a audição – o fato de seu filho reconhecer a sua voz é um exemplo disso – quanto a visão (você já pegou seu bebê olhando para sua boca, atento aos movimentos que você faz na hora de falar? Pois é, com isso ele está, aos poucos, aprendendo a falar!).
Conforme o pequeno cresce, o desenvolvimento da fala dá passos maiores. Do primeiro ao terceiro mês de vida, é comum que os bebês suspirem, reproduzindo arrulhos e outros sons que ainda não são compreendidos.
Quatro meses
A partir de quatro meses, você vai perceber que seu filhote está unindo consoantes e vogais para tentar falar. Por isso, nesse período, pode surgir a primeira palavra – as mamães vão torcer para que seja “mãmã” e os papais para que seja “pápá”, não é mesmo?
De qualquer forma, os pais vão vibrar com a nova conquista! A partir disso, o bebê vai mostrar que está se esforçando cada vez mais para dizer novas palavras e, mais tarde, montar frases completas.
mãe estimulando o desenvolvimento da fala do bebê. Foto: freepik
Seis a nove meses
De seis a nove meses, a criança começa a emitir sons que fazem mais sentido. Perceba que nessa fase ela está mais atenta e pode reproduzir tons e padrões que os pais usam.
Então, vale a pena ficar atento ao que você diz perto do seu filho – evite discussões, porque estudos comprovaram que eles conseguem ouvir até mesmo quando estão dormindo. Com um ano e até um ano e meio de idade, o pequeno amplia seu vocabulário e passa a usar mais palavras, sabendo o que elas representam.
Aos poucos, o bebê começa a perceber a importância que a linguagem tem e passa a utilizá-la para expressar suas vontades e necessidades. De um ano e meio até dois anos, as crianças podem ter o entendimento de até 200 palavras!
Nessa idade, o desenvolvimento da linguagem continua a todo vapor e elas conseguem aprender uma média de dez palavras por dia (mas isso não quer dizer que todos os bebês consigam falar essa quantidade de palavras, embora as reconheçam).
bebê aprendendo a falar. Foto: freepik
Dois anos
Aos dois anos, algumas crianças já serão capazes de formular frases com até três palavras e até mesmo cantar músicas simples. Também é nesse momento que seu filho expressará mais incisivamente suas vontades – dizendo, por exemplo, o que gosta ou não gosta, e também o que quer ou não quer.
Dois a três anos
De dois a três anos, a criança estende seu vocabulário, que possuí cerca de 300 palavras. Ela começará a formar frases completas e também aprenderá a usar os pronomes de forma mais correta – por exemplo, ao invés de falar “o bebê fez”, vai começar a dizer “eu fiz”.
Geralmente, aos três anos, você vai conseguir conversar normalmente com o pequeno, que continua elaborando sua linguagem. A partir daí, as conquistas do desenvolvimento da fala não param de crescer.
Você e o filhote terão grandes conversas e ele te contará sobre o que aconteceu na escolinha, o motivo pelo qual brigou com o amiguinho, entre outras coisas.
menino brincando na escola. Foto: freepik
Dicas
Todas essas informações são baseadas no ritmo que a maioria das crianças tem, mas, como eu disse anteriormente, é importante lembrar que cada bebê tem o seu tempo. Não tente apressar as coisas, porque seu filho perceberá sua ansiedade, o que pode dificultar o ritmo de desenvolvimento da fala.
Se você sentir que ele precisa de um “empurrãozinho”, tente ajudar com calma e paciência, para não estressá-lo ou sobrecarregá-lo.
Existem meios simples de se fazer isso: mantenha o hábito de conversar com o filhote desde os primeiros meses, articule com calma as palavras, descreva as atividades que vocês estão fazendo (por exemplo, explique que aquela é a hora do banho e que você vai pegar o sabonete para limpá-lo), leia e cante para ele, nomeie as coisas e as pessoas (diga que aquela é a vovó ou fale os nomes dos animais no zoológico).
E uma dica pessoal: livros ajudam muito! Eu comprei alguns com abas (bebês são curiosíssimos e adoram descobrir o que há por trás de cada uma!), que mostravam dezenas de objetos coloridos, e contava à Catarina o nome de cada um deles – isso enriqueceu bastante seu vocabulário!
mãe lendo com o bebê. Foto: freepik
Importante saber
Os especialistas recomendam também que se evite a fala infantilizada, para que o bebê não se acomode a ponto de não ter interesse pelo aprendizado de novas palavras.
Outra dica importante é não reproduzir as palavras erradas que seu filho falou – como “pato”, quando quer dizer “prato”. Nessas situações, é importante não o repreender, e sim dizer “você quer o prato? Vou pegá-lo para você”.
Não interrompa a criança e nem queira antecipá-la – elas podem demorar um pouco para formular as frases, mas isso faz parte do desenvolvimento da fala.
E se o filhote demonstrar gagueira, quando começar a falar um pouquinho mais, não se preocupe: isso é perfeitamente normal (Catarina passou alguns meses assim! Mas eu notava que ela repetia as sílabas, ou palavras, justamente porque estava tentando coordenar o pensamento e a habilidade de pronunciá-las!)
mãe lendo livro para o bebê. Foto: freepik
Outras dicas
Por fim, algumas dicas adicionais: não deixe que o pequeno se acostume com a linguagem gestual e aponte sempre os objetos que deseja (sim, os filhotes ficam preguiçosos! E nada melhor do que a necessidade de se comunicar para que seu filho comece a emitir os primeiros sons compreensíveis).
Quando o bebê apontar algo, diga a ele: “você quer a chupeta?”, para que, dessa forma, ele aprenda as palavras daquele contexto. Outro ponto importante é não permitir que o filhote fale com a chupeta ou a mamadeira na boca – isso dificulta o aprendizado e pode causar até mesmo flacidez na língua.
Por fim, se você realmente perceber algum problema que merece atenção no processo de desenvolvimento da fala, procure o pediatra. Ele poderá orientá-la melhor e, se for o caso, sugerir uma fonoaudióloga para ajudar.
pais estimulando a fala do bebê. Foto: freepik
Como os pais podem ajudar no desenvolvimento da fala?
Você pode encorajar seu bebê a começar a falar:
- Fazendo caretas e ruídos e falando sobre suas atividades desde o dia em que nascem.
- Jogar jogos interativos como esconde-esconde e cantar canções de ninar.
- Olhando para os livros desde cedo – você não precisa ler as palavras, apenas converse sobre o que você pode ver.
- Fale devagar e com clareza e use frases curtas e simples – se seu filho já estiver falando, tente usar frases que tenham uma palavra ou mais do que as frases que eles próprios usam.
- Evitar testes, como perguntar ‘O que é isso?’, Pois as crianças aprendem melhor sem pressão.
- Não criticar palavras erradas e, em vez disso, dizer a palavra corretamente – por exemplo, se seu bebê apontar para um gato e disser ‘Ca!’ diga: ‘Sim, é um gato’.
- Deixe seu filho conduzir a conversa e ajudá-lo a expandir seus pensamentos.
- Dar ao seu filho muitas oportunidades de falar, com bastante tempo para responder às suas perguntas.
- Reduzindo o ruído de fundo, como TV, e limitando a exibição supervisionada de TV para crianças mais velhas.
Consulte o seu médico ou enfermeira de saúde infantil se:
- Aos 12 meses, seu filho não está tentando se comunicar com você (usando sons, gestos e / ou palavras), especialmente quando precisa de ajuda ou quer algo
- Aos 2 anos, seu filho não está dizendo cerca de 50 palavras ou ainda não começou a combinar palavras.