Ao redor do primeiro ano de vida, quando o bebê já percebeu que é um ser independente, é comum que nos perguntemos se ele saberá se socializar com o mundo que o cerca. Eu me lembro que Catarina passou por um período difícil, de rejeitar todas as outras pessoas que não fossem a mãe (o pai, os avós, os tios – enfim, todos os adultos que se aproximavam dela) – e essa recusa era tão intensa, que por vezes me deixou preocupada.

Por isso achei bem interessante esse artigo, publicado recentemente na revista Child Development, sobre a importância da ligação com os pais para o desenvolvimento dos bebês que são naturalmente tímidos. Nesse estudo, 165 bebês a partir de 4 meses de idade foram acompanhados até a adolescência – e os pesquisadores conseguiram estabelecer uma relação entre sua personalidade e o grau de ligação afetiva que eles tinham com seus pais.

ligaçao bebe pais

Os resultados desse trabalho mostram algo que, intuitivamente, nós já poderíamos prever: bebês que apresentam uma timidez natural são mais propensos à ansiedade quando se tornam jovens. Mas uma descoberta foi importante: a de que uma estreita ligação de afeto com pais e mães funciona como um fator “protetor” para o problema.

Durante os anos do estudo, a timidez das crianças foi avaliada pelo relato das mães, em relação ao tipo de resposta que elas tinham quando se deparavam com um objeto, pessoa ou situação desconhecida. Quando um bebê respondia frequentemente com medo ou afastando-se, ele era considerado como tímido. Já o grau de ligação entre o filho e os pais foi observado em reuniões frequentes das famílias com a equipe de pesquisadores, nos quais ocorriam simulações de encontros e separações – quando a criança demonstrava raiva ou evitava o contato com os pais no reencontro, percebia-se que existia insegurança na relação.

Uma outra conclusão do estudo é que o desenvolvimento de ansiedade em jovens que foram bebês tímidos é mais frequente entre os meninos. Nas meninas, essa relação acontecia com menor frequência – mas em ambos os casos a proximidade com os pais contribuía para a saúde emocional do filho na adolescência.

Por isso, fica a dica: não se preocupe em dar colo demais, carinho demais, apoio demais. O aconchego dos primeiros anos é o que tornará um filho seguro, para que um dia siga seu próprio caminho.