Quando nasce um bebê, nasce uma mulher solitária. Aqueles primeiros dias em casa, vivendo 24 horas por dia em função do filho, trazem como consequência um sentimento de profunda solidão, que apenas uma mulher que já o vivenciou pode dimensioná-lo. Por meses, você se pergunta se essa fase acabará – se voltará a se sentir parte do mundo que deixou lá fora. E aos poucos (bem aos poucos), tudo vai ficando mais fácil – inicialmente você consegue ficar algumas horas longe do pequeno, depois volta ao trabalho, vê seu filho entrando na escola… Então você pensa que nunca mais se sentirá sozinha como no pós-parto (e talvez seja mesmo verdade).
Isso não quer dizer que a solidão não faça mais parte de sua vida – mas de uma forma diferente. Você se acostuma a passar boa parte do seu dia cuidando do bebê; depois, organiza a rotina da família para atendê-lo em suas necessidades. E, no fundo, por maior que seja o trabalho que isso lhe dê, você gosta de saber que é tão necessária para aquele serzinho, que chama seu nome todas as manhãs, que corre para seus braços ao fim da aula.
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Pois hoje eu havia planejado escrever sobre vários assuntos aqui no blog. Mas meu coração só consegue pensar na pequena, que foi dormir na casa da avó. É outro tipo de solidão que me invade: não o de não poder sair, ver o sol, ir até a padaria, como quando ela era recém-nascida; hoje eu poderia ir muito mais longe, voltar para casa sem me preocupar com o relógio. Sinto, no entanto, pelo silêncio na casa, pela falta da risada, do movimento, da bagunça. Sinto por não ter que dar o banho, o jantar, o leitinho; por não colocar o pijama, escovar seus dentes e lhe contar mil histórias antes de dormir.
Sinto para não lhe dar as broncas diárias (e não é que mãe sente falta até disso!) – quase todas elas porque Catarina evita ao máximo o momento de ir para sua cama. Então o que me resta é dormir uma noite tranquila, para buscá-la assim que o dia chegar.