Outro dia, uma querida amiga me perguntou se eu achava que toda mulher deveria experimentar a maternidade. Ela, linda, no auge dos seus trinta e poucos anos, casada e sem filhos, confessou-me que não sabia se tinha nascido para ser mãe. “Gosto da minha vida como ela é: trabalho, tenho liberdade para ir e vir, viajo muito com meu marido… Gostaria de conhecer o mundo todo, e não sei se uma criança combina com meus planos. Por outro lado, tenho medo de me arrepender mais tarde, de perceber daqui a algum tempo que minha vida se tornou vazia”.
Difícil emitir alguma opinião sobre seu caso. Mas pensando em todas as mulheres que conheço, devo dizer que, ao meu ver, nem todas nasceram para a maternidade. E digo isso sem qualquer sentimento de superioridade – ser mãe não me faz melhor ou mais altruísta do que elas. Não acho que a decisão de não ter filhos seja mais egoísta do que a de ter – afinal, quando você decide ser mãe, também não está pensando na satisfação do próprio desejo de aumentar a família, de ter uma companhia para toda a vida? Quantas de nós, mães, pensamos única e exclusivamente na criança quando decidimos engravidar?
No fundo, são apenas caminhos diferentes, que levarão a aprendizados distintos. Ser mãe te mostra que é possível pensar primeiro no outro, o filho. Te mostra que é nas pequenas coisas que está a beleza da vida – em um sorriso, em um abraço, em ver o pequeno crescer e se tornar uma pessoa de bem. Ser mãe é ultrapassar todos os limites – do sono, da fome, da paciência, da saúde… Por um filho você fica noites inteiras acordada, seja para amamentar, para cuidar da febre ou para esperar que ele chegue seguro em casa. Ser mãe é chorar – porque acha que não vai dar conta de tanto trabalho, porque o filho adoeceu ou, mais tarde, porque ele se magoou. E aí você descobre que a tristeza do filho dói mais em você do que nele, como sua mãe costumava dizer. Ah, como ela tinha razão!
Mas e o que NÃO é ser mãe? Ser mãe NÃO é ter garantia de alguém que cuidará de você na velhice (por mais que desejemos que os filhos fiquem perto de nós, eles têm suas próprias vidas e o direito de escolher seus caminhos). Ser mãe NÃO é ter alguém que realizará os sonhos que você não realizou (se você sempre quis ser uma grande executiva e não conseguiu, saiba que sua filha pode desejar ser artista – e tudo bem!).
Se você decidiu que não quer ser mãe, esteja em paz com sua decisão e aproveite as outras formas de aprendizado que a vida te proporcionar. Mas se está a um passo de abraçar a maternidade, mas tem medo, então feche os olhos e se jogue – o caminho é muito, mas muito mais bonito do que você hoje pode imaginar!