paul goyette via Compfight cc

paul goyette / Creative Commons

Desde que eu criei o blog, há dois anos, tenho evitado falar sobre alguns assuntos aqui. Parto, amamentação (seja ela exclusiva, com complemento ou prologada), são questões que frequentemente causam brigas e discórdia nas redes sociais. É como se cada mãe tivesse a sua verdade, e muitas não suportam a ideia de que ela não seja única – se você questiona, acaba sendo atacada com tamanha veemência, que beira o desrespeito. E eu, que detesto guerrear, acabo ficando na minha, por achar que ganho mais ficando quieta.

Acontece que outro dia presenciei uma situação que mexeu comigo, e que esbarra justamente naquilo sobre o que não costumo discutir – a ideologia cega e surda que ronda a maternidade. O caso era o seguinte: uma amiga, mãe de três filhos (ou seja, alguém que entende provavelmente mais das nuances da vida de mãe do que eu, que só tenho uma filha – e considerando apenas isso, alguém que eu ouviria se estivesse passando por alguma dificuldade), me contava que estava muito preocupada com a irmã e seu sobrinho. O bebê, que nasceu de parto domiciliar com algumas complicações (o que não é o foco desse post, que fique bem claro, até porque não tenho nada contra parto feito em casa, desde que com uma equipe competente e assumindo-se conscientemente a responsabilidade pela escolha), estava com algumas semanas de vida e com praticamente o mesmo peso de nascimento. Mesmo assim, sua irmã se recusava a complementar as mamadas, pela crença de que apenas o peito devia lhe bastar (apesar do alerta de todas as mulheres da família, que viam que a criança não estava bem).

Eu sei e todo mundo sabe que não existe melhor alimento para o bebê do que o leite materno. Também acredito que a melhor opção é sempre o aleitamento exclusivo até os seis meses de vida. Também acho que muitos dos casos em que o complemento com leite artificial é dado poderiam ser evitados, pela orientação certa, pela pega correta, pela alimentação e ingestão de líquido em quantidade suficiente e pelo descanso da mãe. Também acho que para um bebê que não ganha peso, o ideal inicialmente é intensificar as mamadas, sem se prender a horários (porque quanto mais o pequeno sugar, mais leite haverá). Mas daí a dizer que todas as mães conseguem amamentar exclusivamente, que basta apenas vontade, eu discordo completamente. Tanto é assim que, mesmo na época em que as fórmulas não existiam, as amas de leite nutriam os filhos alheios.

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Mas voltando ao caso que eu contava, o bebê não ganhava peso. “Mas e o pediatra, o que orientou?”, vocês devem estar se perguntando (porque foi exatamente a pergunta que fiz para essa minha amiga). A resposta: “Que pediatra? Ela se recusou a levá-lo ao médico e a dar as vacinas, porque acredita que isso seja anti-natural. Ela diz que os bebês sempre sobreviveram sem isso – aliás, que são coisas que só prejudicam o desenvolvimento da criança”. Sobre vacina eu também não vou discutir nesse post (mas fico à disposição para quem quiser debater o assunto – só que aí terão que me ouvir falar sobre a história da epidemiologia e de quantas mortes foram e continuam sendo evitadas porque vacinamos nossos filhos).

Aí eu me pergunto: onde foi parar o instinto materno? Porque se ele estivesse sendo ouvido, seria impossível ignorar um bebê chorando de fome o dia todo. Seria impossível manter-se fixada à uma ideologia pronta sem discuti-la – para não se colocar em uma posição de incompetência, segundo o olhar daqueles que a seguem (porque, é claro, muita gente estava aplaudindo sua resistência “aos padrões impostos pela incompetente medicina atual”).

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O final da história é que depois de muitos apelos (e da ação da avó da criança – essa sim uma mãe que fez o que deveria fazer: colocar o dedo na ferida e chamar sua filha à razão), o bebê foi levado ao pediatra, quase em situação de internação. A mãe recebeu várias orientações para aumentar sua quantidade de leite; e até que consiga amamentar exclusivamente (o que pode ou não vir a acontecer), o bebê receberá complemento. Ganhou peso e passa muito bem.