Confesso a vocês que a alimentação em minha casa não é 100% natural. Embora tente, na medida do possível, oferecer alimentos integrais, orgânicos e evitar o excesso de doces no cardápio de Catarina, minha filha é liberada para comer alguns biscoitos industrializados, bolos caseiros (que obviamente levam uma quantidade considerável de açúcar na receita) e de vez em quando até um pedacinho de chocolate (depois dos três anos de idade e em quantidade mínima, que fique bem claro). Eu fui criada dessa forma, e acabo reproduzindo com ela o padrão – pode comer quase tudo, mas com moderação. Digo quase porque há produtos que simplesmente não compro, por acreditar que não agregam à sua alimentação. Para mim, se tirassem das prateleiras dos supermercados, fariam um grande bem à humanidade.
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Pois outro dia, estava no mercadinho da rua com Catarina, quando a pequena me pede para levar uma bolacha recheada (justamente um desses itens que eu abomino, pela quantidade de gordura trans e outras porcarias que entram em sua composição). Eu, que parei de comprar tal biscoito há muito tempo (antes dela nascer, inclusive), perguntei se ela sabia do que se tratava.
– “Uhm, é uma delícia, mamãe, eu adoro!”.
– “Ué, filha, mas você já comeu?”
– “Já, meu amigo sempre leva na escola. E a gente troca – eu dou um pedaço do meu pãozinho e ele me dá a bolacha!”.
Ai, ai… E eu que gastei horas procurando opções saudáveis para Catarina levar no lanche, descubro que ela come um monte de coisas que eu jamais sonharia em ter na despensa de casa! E presumindo que eu não conseguiria controlar as “besteiras” às quais ela tem acesso por meio do lanche dos coleguinhas (alguns itens são terminantemente proibidos pela escola, mas bolacha recheada não é um deles), decidi tentar a velha e boa explicação como forma de convencê-la a ficar longe desses pseudo-alimentos.
– “Filha, você já viu isso lá em casa? Não, né? A mamãe não compra porque não faz bem para a saúde. Tem um monte de coisas dentro desse biscoito que são ruins para você. Por isso é melhor não comer – quando seu amiguinho oferecer, você agradece e continua comendo seu lanche, entendeu?”.
– “Mas, mãe, se fosse tão ruim assim, porque a mãe do meu amigo compraria para ele?”.
Ela só tem três anos e me faz cada pergunta…