Já faz um tempinho que o livro Quinhentos gramas de vida – a luta dos bebês prematuros pela sobrevivência caiu em minhas mãos. E com essa correria dos últimos meses, acabei deixando sua leitura para um momento mais calmo. Eu gosto de saborear cada livro, dedicar algumas horas para a leitura, sem ser interrompida. O que só aconteceu nesse fim de semana (enfim!).
O livro conta a história de nove bebês prematuros extremos, que nasceram com cerca de 20 semanas de gestação (o título é uma referência ao peso de nascimento – todos eles pesavam aproximadamente meio quilo quando vieram ao mundo. Tão pequenos!). Como as experiências vividas por essas mães foram muito diferentes da que passei, imaginei que não me envolveria muito com o enredo, confesso. Mas a verdade é que eu estava enganada, e a cada página eu sofria, vibrava e torcia para que aqueles pequeninos voltassem sãos e salvos para casa.
Nesses dois anos e meio do blog já conversei com muitas mães, e sei o quanto o sonho da maternidade é importante para cada uma delas. Por isso, logo na apresentação do livro, a autora Thais Lazzeri me cativou com o seguinte trecho: “o parto prematuro tira a poesia do nascimento. Tira o sossego. Muda os sonhos. Enquanto os pais cujos filhos nasceram de nove meses curtem enxoval, lembrancinhas e enfeite de porta-maternidade, os que tiveram os filhos arrancados do ventre precocemente só pensam na sobrevivência do bebê”. E não é exatamente isso o que acontece? Nos preocupamos com tantas coisas sem importância, e só o nascimento de um filho em condições críticas nos mostra o que de fato tem valor – aquela nova vida que se inicia!
Outro fato que me emocionou foi saber que a própria Thais estava grávida (também de uma Catarina!) enquanto escrevia o livro. Fiquei imaginando a coragem necessária para se envolver com histórias tão dramáticas, tendo um filho no ventre. Por outro lado, tenho certeza de que isso a ajudou a se conectar com cada família, captando os sentimentos pelos quais passavam – desespero, tristeza, alegria, alívio, agradecimento.
Acredito que o livro seja uma excelente leitura para todos os pais que se encontram na situação de ter um filho prematuro. Ao contar a experiência de casais que passaram por isso, Thais mostra que os dias em uma UTI neonatal são como uma montanha-russa: às vezes bons, outro ruins. E que o mais importante é não perder a esperança.