Na última quinta-feira, estive em um encontro de blogueiras que aconteceu aqui em São Paulo com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O objetivo do evento era conversarmos sobre a vacina de HPV, que agora fará parte do quadro disponível gratuitamente pelo SUS. As dúvidas eram muitas, e foi uma boa oportunidade para conversarmos diretamente com o Ministro, a fim de esclarecê-las. Acho importantíssimo falar sobre o assunto aqui e dar minha opinião pessoal, pois vejo uma grande resistência em torno da vacina por parte de muitos pais e mães. Sobretudo porque ela é destinada a uma faixa etária que até então não era normalmente vacinada – a dos pré-adolescentes – e por envolver uma doença sexualmente transmissível.
Vejo que muitos pais encaram a vacina como um aval para que suas filhas iniciem a atividade sexual. Outros pensam ainda que pode ser um estímulo ao sexo sem segurança, pois as meninas estariam imunizadas contra o HPV (sobre o que falaremos ainda nesse post – ela estará imune contra ALGUNS subtipos de vírus do HPV, os mais prevalentes, e não a todos). Eu penso totalmente ao contrário. Acho que será um ótimo momento para pais e filhos conversarem sobre o assunto (e quando digo filhos, incluo os meninos na discussão, embora eles não façam parte da campanha – a imunização será, pelo menos inicialmente, apenas para as meninas)! Porque algumas coisas ainda não mudaram, ou mudaram muito pouco, no relacionamento pai e filho – e uma delas é a falta de comunicação sobre sexo.
Mas vamos a algumas informações importantes sobre a vacina:
A vacina estará disponível gratuitamente no SUS?
Sim, a vacina estará disponível à faixa etária da campanha a partir do dia 10/03/14. A implantação da vacina do HPV será gradativa – inicialmente serão vacinadas as meninas entre 11 e 13 anos; em 2015, serão vacinadas as meninas entre 9 e 11 anos; e finalmente em 2016 serão imunizadas também as meninas de 9 anos. Com isso, o objetivo é vacinar pelo menos 80% das pré-adolescentes brasileiras entre 9 e 13 anos.
Por que a vacina de HPV é importante?
Porque o vírus do HPV pode causar câncer de colo uterino (que, em última instância, pode até matar). Assim, tomando a vacina e estando imune aos tipos mais prevalentes de HPV, serão muito menores as chances de sua filha apresentar a doença no futuro.
Por que foi escolhida a faixa etária entre 9 e 13 anos para a campanha?
Porque a grande maioria das meninas ainda não iniciou a atividade sexual nessa faixa etária (e a ideia é que as pré-adolescentes sejam imunizadas ANTES do contato com o vírus, justamente para serem protegidas da infecção). Além disso, alguns estudos mostraram que a eficácia da vacina nessa faixa etária (em torno de 98,8% para os subtipos 6, 11, 16 e 18 – aqueles em que a vacina tetravalente atua) é maior do que em adultos jovens. Ou seja, se a menina tomar a vacina com essa idade formará mais anticorpos, que serão responsáveis por protegê-la caso ela entre em contato com o vírus.
A vacina protege contra todos os subtipos de vírus de HPV existentes?
Não, não protege. Mas ela protege contra os subtipos que mais causam câncer de colo uterino no mundo, que são o 16 e o 18 (responsáveis por cerca de 70% do total de casos). Por isso é importante tomá-la, pois reduz-se em muito as chances de contrair o vírus no futuro.
Onde as meninas serão vacinadas?
A estratégia do Ministério é disponibilizar a vacina tanto nas escolas (públicas e particulares), como nos postos de saúde. Como o ambiente escolar estará envolvido na campanha, está prevista uma capacitação para os professores, para que eles estejam aptos a lidar com os questionamentos que surgirão em decorrência da ação.
Quantas doses e como elas serão dadas?
São três doses que garantem a máxima eficácia da vacina (a segunda deve ser tomada 6 meses depois da primeira, e a terceira 5 anos depois). A vacina é intramuscular (injeção) e pode ser dada no mesmo dia de outras vacinas (nesse caso, em regiões anatômicas diferentes).
De onde vem a vacina que será dada?
Inicialmente a vacina será importada, mas prevê a transferência de tecnologia para o Brasil. Isso quer dizer que além de vender as doses, o laboratório que produz a vacina terá que ensinar o processo de produção para os pesquisadores nacionais – e no futuro ela passará a ser produzida apenas aqui no brasil, o que garantirá uma economia muito grande para o país.
A vacina contra HPV é segura?
A segurança dessa vacina é atestada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, é utilizada como estratégia de saúde pública em 51 países.
A vacina substitui o Papanicolau? E o uso de preservativo?
A vacina não substitui o Papanicolau, que é o exame utilizado para prevenção e diagnóstico precoce de câncer de colo uterino. Ele deve continuar a ser feito anualmente, na faixa etária adulta (depois que a menina inicia sua vida sexual).
A vacina também não elimina o uso de preservativo. Ele continua sendo imprescindível para prevenir contra as outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, Hepatite B e HIV.
No encontro com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para conversar sobre a vacina de HPV: Larissa, do Blog da Saúde, eu!, Ana do blog Look Bebê e Sam do blog A Vida como a vida quer.