Aqui em casa a preocupação com o sol sempre foi grande. Eu tenho histórico familiar de câncer de pele (meu pai e minha avó paterna tiveram um tipo mais leve – o basocelular – curado apenas com a remoção de uma “pinta”, mas o suficiente para que minha mãe me monitorasse de perto, evitando a exposição solar indevida). Os mesmos cuidados eu tomo agora com Catarina, que também tem a pele branquinha, o que significa que quase nunca ela fica exposta ao sol entre às 10h e 16h (e quando isso acontece, ela recebe a aplicação de um bom protetor solar, reaplicado a cada duas horas).
Evitando as queimaduras de sol
Mesmo para os bebês e crianças que não apresentam histórico na família de câncer de pele, os cuidados com o sol devem ser os mesmos. O segredo da prevenção de queimaduras de sol está em se evitar a exposição no horário de sol a pino (de maior intensidade de radiação solar) e na utilização de barreiras que evitam ou amenizam a ação dos raios solares sobre a pele (desde o creme protetor solar a roupas leves ou que também tenham fator de proteção). Até os seis meses de vida, o uso do protetor solar não é recomendado, pois o bebê pode não estar preparado para metabolizar e excretar com eficiência as substâncias químicas do creme. Nessa fase é ainda mais importante fugir do sol no horário crítico e utilizar roupas leves para evitar a ocorrência das queimaduras (camisetinhas, bodies, calças e chapéu são muito bem-vindos). Lembre-de se que mesmo debaixo do guarda-sol ou em dias nublados é possível que a pele do bebê se queime (os raios UV passam por entre as nuvens e são refletidos na areia da praia, chegando dessa forma a seu filho), portanto o cuidado deve ser constante.
Para os bebês acima de 6 meses de vida é recomendado o uso de creme com proteção solar infantil. Embora alguns pediatras considerem como mínimo necessário o fator de proteção 15, é cada vez mais frequente a recomendação de produtos com fatores mais altos (eu costumo utilizar em minha filha protetores com FPS 50 ou 60). Lembre-se de aplicar o creme pelo menos 20 minutos antes de expor seu filho ao sol (uma dica pessoal é sempre passar o protetor antes de colocar o maiô, para evitar que fiquem aqueles “cantinhos” em que o creme não ficou bem aplicado). Existem também roupas de banho como as de surfistas, que cobrem uma grande área do corpo dos pequenos, que são bastante eficientes na proteção – e têm a vantagem de não terem sua eficiência reduzida ao longo das horas (como os cremes, que dependem de reaplicação para que a proteção seja efetiva). Entretanto, as áreas não cobertas continuam exigindo o uso do protetor.
Além disso, é fundamental hidratar bebês e crianças constantemente quando estão expostos ao sol. Quando programar sua ida à praia, saia carregada com bastante água, sucos naturais (para os maiores) e lembre-se de que para os menores nada melhor do que o próprio leite materno.
Queimou! E agora, o que fazer?
Vamos supor agora que a queimadura de sol já aconteceu no seu bebê. Em primeiro lugar, é importante identificar a gravidade da lesão para saber se o tratamento pode ser feito em casa ou seu uma ida ao médico é necessária (e sempre, sempre que houver dúvida, leve seu filho ao médico, pois ele é a melhor pessoa para indicar o que deve ser feito).
As queimaduras de sol podem ser de primeiro, segundo ou terceiro grau (as duas últimas necessitam de intervenção médica). Sempre que houver vômito, bolhas ou febre, é importante levar seu filho ao médico – de preferência nas primeiras 24 horas da ocorrência da queimadura – pois esses são indícios de que o caso pode ser mais grave. Nunca estoure ou cubra as bolhas, pois elas são um mecanismo natural da pele para diminuir o dano da queimadura. O uso de medicação para aliviar o desconforto do bebê também só deve ser feito com anuência do pediatra.
Existem cuidados importantes que ajudam no tratamento das queimaduras leves, aquelas que não exigem intervenção médica. São eles:
– Continue hidratando bastante o bebê (como ele ficou muito tempo exposto ao sol, é provável que, além de queimado, esteja desidratado).
– Molhe com água fria uma fralda de pano, torça e aplique com suavidade sobre as áreas avermelhadas por 10 a 15 minutos, algumas vezes ao dia. Você pode também dar um banho morno-quase frio e acrescentar um pouco de maisena à água (o que também é excelente para tratar assaduras do bebê). Se você que é mãe já se queimou e fez essas compressas frias, sabe que dá um alívio enorme!
– Passe hidratantes à base de água e aloe vera específicos para bebês e crianças (alguns têm uso liberado inclusive para recém-nascidos).
– Não passe produtos oleoso no bebê, nem caia na tentação de passar creme dental (existe uma lenda de que ele melhora a queimadura, passada de geração para geração, você também ouviu?). O melhor mesmo é usar produtos específicos para a hidratação.
A queimadura de sol nem sempre é visível imediatamente, e pode demorar horas para que a vermelhidão apareça de fato. O quadro de insolação em geral a acompanha, e a criança pode apresentar falta de ar, dor de cabeça, tontura e febre. Com o passar do tempo a pele do bebê pode começar a descamar (o que faz parte do processo de cura, não se preocupe). Nesse período fuja ainda mais do sol e coloque em seu filho roupas soltas, preferencialmente de algodão (que permitem que a pele respire).
Outro motivo para que desde cedo você se preocupe em proteger seu filho do sol é que os danos por ele provocados são cumulativos. Ou seja, a pele que seu filho terá daqui a algumas décadas (e até a ocorrência de lesões de câncer de pele) depende de como ele foi exposto à radiação solar ao longo de sua vida, começando pela infância! Embora as crianças de pele mais clara sejam mais susceptíveis às queimaduras, as de pele mais morena também devem tomar os cuidados aqui expostos. Prevenir é sempre melhor do que remediar!