Depois que minha filha Catarina nasceu, eu tive seis meses de licença maternidade. Como já comentei com vocês aqui no blog, eu considero esse período fundamental para que uma mãe retorne ao trabalho com tranquilidade, já adaptada ao seu novo papel e segura de que seu bebê conseguirá ficar longe dela por algumas horas. Sinceramente, se eu tivesse que retornar após os quatro meses habituais, provavelmente teria escolhido ser mãe em tempo integral por um tempo, pois nessa fase minha filha Catarina estava no auge das crises de choro por cólica-refluxo-falta de sono, etc. E eu não teria conseguido deixá-la com mais ninguém.
Mais dois meses foram importantíssimos para que as coisas se estabilizassem. Nessa ocasião eu decidi deixá-la em casa com minha ajudante, que trabalhava comigo há cinco anos. Como ela já era mãe de uma adolescente e uma pré-adolescente, sabia muito mais da maternidade do que eu mesma; por isso me senti confortável de deixar Catarina aos seus cuidados para que eu pudesse trabalhar. Tenho certeza de que se não fosse sua presença e o grau de confiança que ela já havia conquistado, a decisão de deixar a pequena em casa, na escolinha ou com a avó teria sido muito mais difícil.
Frequentemente algumas mães me escrevem perguntando sobre a volta ao trabalho e com quem eu recomendo que elas deixem seus filhos. Na verdade eu não acho que exista uma única resposta, e sim o que é melhor para cada mãe, para cada bebê, para cada família como um todo. Conheço casos bem-sucedidos de bebês novinhos que foram para a escola; outros que ficaram com uma das avós; e também aqueles que ficaram em casa com uma babá, como minha filha Catarina. Também sei de mães que decidiram por um modelo e voltaram atrás, por reconhecerem que para aquele determinado momento existia uma saída melhor. E na tentativa de ajudar as leitoras que ainda estão em dúvida, fiz um resumo do que eu considero ser a vantagem e a desvantagem de cada alternativa. Aqui vai ele:
Imagem: 123RF
Escolinha
Na minha opinião, a grande vantagem da escola sobre os demais modelos é o seu grau de previsibilidade. Isso quer dizer que você pode contar sempre com ela! A babá ou a avó podem ficar doentes ou terem compromissos inadiáveis; já a escola estará aberta (e mesmo que a professora do seu filho fique doente, haverá outra para substituí-la). É claro que existem feriados ou datas especiais em que a escola estará fechada (provavelmente nessas ocasiões você também estará dispensada do trabalho, mas não necessariamente; por exemplo: eu moro na divisa entre duas cidades – São Paulo e Osasco. Recentemente minha filha passou a frequentar a escola, que fica em Osasco, enquanto eu trabalho em São Paulo. Durante os feriados municipais de Osasco eu continuo trabalhando e preciso contar com um plano B para dar suporte). Mas você as conhecerá com antecedência, e poderá se programar.
Outro ponto que muitas pessoas costumam citar como vantagem da escolinha é a estimulação da criança através das atividades programadas. E sobre esse ponto eu tenho uma opinião muito peculiar: eu acredito que há babás e avós que podem gerar graus de estímulo tão bons quanto os de uma escola. Principalmente aos seis meses de idade, época em que a mãe retorna ao trabalho, o que uma escola fará pelo desenvolvimento do bebê não será muito diferente do que ele poderá receber de outras formas. Claro que a situação vai se modificando com o passar do tempo. Aos três anos de idade, por exemplo, vejo que é importante para minha filha o ambiente escolar, a variedade de atividades propostas, a possibilidade de socialização com outras crianças… Cá entre nós, antes dos dois anos eu não acredito que teria sido um grande ganho para ela.
Obs: eu visitei diversas escolas antes de me decidir por uma delas. Na época em que iniciei minha procura, minha ideia era colocar Catarina na escola quando ela completasse dois anos de idade, por isso minha visitas eram focadas em observar as crianças dessa faixa etária. E em todas elas o que vi foram crianças que não brincavam juntas em sua maioria, e sim uma ao lado da outra. Por isso acredito que o ganho em socialização que uma escola pode proporcionar passa a ser significativo próximo aos dois anos e meio – três anos de idade, e não antes disso. Aliás, com minha filha percebi uma mudança muito grande próximo aos dois anos e meio, quando ela passou a se interessar pelas outras crianças e em fazer brincadeiras coletivas.
As desvantagens: obviamente a exposição a infecções, que é muito maior do que em casa. Isso não quer dizer que você deva eliminar a alternativa da escolinha quando sua licença maternidade acabar, e sim que você deve estar preparada para ver seu filho mais doentinho. A maioria dos pediatras que conheço diz que apenas depois dos 2 anos de idade o sistema imunológico do bebê estará mais preparado entrar em contato com tantos vírus e bactérias (alguns falam até em três anos). Como mãe eu também vi uma melhora grande após os dois anos de Catarina. Eu também considero que outro ponto negativo possa ser o cansaço da criança, principalmente quando ela ainda é muito pequena (alguns meses) e fica em período integral. Nesse caso acho que uma alternativa interessante possa ser mesclar esse modelo a um outro, ou seja, meio período na escola e outro com uma babá ou avó, para que a mãe possa cumprir a jornada de oito horas de trabalho (ou o que considero a melhor de todas: conseguir um emprego de meio-período!).
Babá
Eu acho que ela pode ser uma benção, ou exatamente o contrário. Se esse for o modelo escolhido, é fundamental se certificar de que é uma pessoa com boas referências, preparada para cuidar de crianças (e com paciência suficiente para a tarefa). Cá entre nós, sabemos como é difícil cuidar de um bebê ou criança pequena, por isso a babá deve ter perfil para a função.
As vantagens: eu acredito que se você encontrar uma boa babá, ela possa ser uma excelente opção para os bebês de até dois anos de idade. Você evitará deslocamentos (como o de ter que levar o pequeno até a escola ou casa da avó – o que em uma cidade grande pode significar o ganho de uma ou mais horas por dia, evitando-se o trânsito!), seu filho ficará em casa com a alimentação que você determinar, menos exposto a infecções, mais descansado… O difícil mesmo é encontrar a pessoa certa e pelo valor que você possa pagar.
As desvantagens: sua funcionária pode ficar doente, e nesse caso você precisará de um plano B (que pode ser uma vizinha, a avó, uma amiga…). Nem sempre você acha a pessoa que melhor se adapta à função de primeira; isso significa que pode haver uma troca de babás até que você encontre a que melhor se adapta à sua família. E seu filho poderá passar por diversas adaptações durante esse processo. Talvez seja necessário fazer um treinamento com a babá, para se certificar de que ela saiba como agir em alguma emergência ou até mesmo para que esteja por dentro dos cuidados diários com o bebê ou saiba propor atividades interessantes e estimulantes para seu filho. E por fim o custo: que pode ser superior ao de uma escola (e obviamente do que deixar com a avó).
Avó
Principalmente depois de um ano de idade, quando a criança começa a andar, pode ser difícil para a avó acompanhar a rotina diária do neto. A natureza é sábia e, caso você ainda não tenha percebido, é muito mais fácil cuidar de um bebê até certa idade, pois eles nos demandam muito fisicamente (corre para lá, para cá, abaixa, levanta, ufa!). Além disso, acho que o sucesso da alternativa “vovó” depende muito da relação existente entre a mãe e ela. Se por um lado a mãe deseja determinar diversos aspectos da rotina diária do filho (o que fica muito mais fácil com uma babá, que é uma funcionária e não uma pessoa da família), deve saber que é natural que a avó incorpore outros. Ao mesmo tempo, cabe à avó entender que os cuidados com o neto não devem ser uma reprodução do que foi feito com os próprios filhos, e que as diretrizes determinadas pelos pais devem ser respeitados sempre que possível.
As vantagens: confiança. Provavelmente você não confiará em ninguém como em uma avó para deixar seu filho. Custo: é o modelo mais barato entre os três.
Desvantagens: a rotina do bebê pode ser desgastante demais para a avó. E sim, ela também tem compromissos, fica doente… Mas pode ser uma excelente alternativa para os dias em que seu filho está resfriadinho e precisa de um carinho extra!