Hoje eu tive um dia daqueles! Daqueles que a gente só não tem um ataque cardíaco porque o coração ainda está novo. Porque se estivesse com um pouco mais de quilometragem, eu tinha empacotado. No trabalho uma reunião difícil: eu, que detesto agressão, tive que lidar com pessoas que têm esse tipo de postura. Só com uma dose extra de paciência!
Então chego em casa e, como todos os outros dias, destino a tarde para ficar com a pequena. E sou presenteada com uma fofura, que conversa com as pessoas que encontramos, ajuda a colocar a mesa na casa da vizinha e… empresta seus brinquedos! Opa, espera aí: essa é mesmo a minha filha? Porque até bem pouco tempo atrás, nessa mesma situação, ela abriria o maior berreiro e protegeria com unhas e dentes seus “pertences”. Onde foi parar a menina que não queria emprestar nada? Será que alguns ETs levaram e deixaram essa meiguice no lugar? Dá até para desconfiar que sim!
Mas o post de hoje não é sobre essa pequena que me fez sentir como se eu, de fato, estivesse acertando em sua educação. É sobre a outra, que gritaria um sonoro “sai, larga, isso é meu!” se tentassem pegar suas coisas. Quem tem um filhote que já fez esse tipo de cena sabe: a mãe quer morrer, fica se perguntando onde errou e o que deve fazer para que o filho aprenda a dividir. Eu não acho que seja uma expert no assunto e que minha filha seja a criança mais educada do mundo. Mas algumas coisas sobre essa questão eu já observei, e gostaria de dividir aqui com vocês.
1) Você é o melhor exemplo para o seu filho.
Na primeira vez em que Catarina disse: “isso é meu, não pega”, eu me perguntei: “onde foi que ela aprendeu isso?”. Aí eu recapitulei mentalmente as vezes em que, quando bebê, ela tentou pegar um vasinho de cristal, ou meu celular, ou o controle da televisão… E o que foi que eu disse? “Filha, não pode, isso é da mamãe!”. Claro, eles reproduzem o que aprendem conosco!
Claro que eu acho importante colocar os limites para os filhos. Não pode mexer em tudo (seja porque é de outra pessoa, seja porque é perigoso). Mas por outro lado eu sinto que é preciso ser coerente: fazer e falar a mesma coisa. Se o filhote perceber que você empresta suas coisas, seja para ele (na medida do que seu grau de desenvolvimento permite) ou para as outras pessoas, aos poucos ele perceberá que também pode emprestar para os amiguinhos. Dá para começar dividindo o biscoito que você está comendo com ele, não é mesmo?
2) Respeitar o tempo do filho é preciso.
Eu já me peguei emprestando os brinquedos de Catarina por ela. Quando ela era um bebezinho sem muita opinião formada, não havia dificuldade alguma nisso. Mas aí a filhotinha cresceu, e já não era tão fácil fazer isso sem seu protesto. Hoje, por mais que demore um pouco, eu dou o tempo que ela precisa para, por si mesma, emprestar o brinquedo (monitorando e incentivando!). Nos primeiros dias é difícil, mas vai progressivamente ficando mais fácil. Minha opinião é que, fazendo isso, eu mostro a ela meu respeito por sua vontade – afinal, foi ela quem decidiu emprestar, e não eu que decidi por ela.
3) Um pouco de conflito faz parte do aprendizado
Aprender a dividir será importante para o resto da vida do filhote. Por isso dar espaço para que ele desenvolva essa habilidade é fundamental. Isso quer dizer que você pode explicar por que é importante dividir, tentar mostrar o lado da outra criança (“filho, você está com todos os brinquedos, e seu amigo está sem nenhum!”), mas tem que esperar que ela tente negociar, trocar, e até se frustrar sozinha. Porque, claro, também tem o outro lado: quando ela quer algo e a outra criança não empresta! E isso não faz parte da vida?
4) Quando vale não emprestar
Pode ser que vocês discordem de mim, mas eu acho que é legítimo não querer emprestar em algumas situações. Por exemplo: o filhote acabou de ganhar um presente que estava esperando há tempos e não quer deixá-lo à disposição no meio da festa. Respeitar sua vontade nesse momento não é fortalecer sua capacidade de se posicionar frente aos outros no futuro? Forçá-lo a emprestar não é uma guerra desnecessária, se no dia seguinte, quando a novidade passasse, ele emprestaria o mesmo item numa boa?
E você, como lida com essa questão? O filhote empresta as coisas sem reclamar? Você tem alguma dica para dar? Concorda ou discorda do que eu disse? Deixe seu comentário que eu lerei com muito carinho!