Nesses dias eu estava me lembrando do tempo em que amamentei Catarina. Por nove meses, ela mamou no peito (sendo que apenas durante o primeiro mês não foi necessário o uso de complemento), e eu posso dizer com absoluta certeza que esses foram os melhores momentos que passamos juntas durante seu primeiro ano de vida. Eu achava muito bom amamentar, e para essa percepção talvez contribuísse o fato de que os minutos em que ela passava no peito eram dos poucos em que eu tinha de paz, logo que ela nasceu. Como eu já comentei em diversos posts, ela foi um bebê que chorou demais (porque dormia de menos), e ficar no peito a acalmava. Então quando nada mais resolvia, eu a colocava para mamar, nem que fosse para tranquilizar ambas – mãe e filha.

leite

Mas antes de chegar no ponto em que eu conto a maravilhosa sensação de amamentar um filho, tenho que voltar ao dia em que Catarina nasceu. Porque antes de ter alegria nesse ato, eu (como 99,9% das mães que eu conheço, só para não dizer 100%) senti uma dor enorme, daquelas que fazem as lágrimas correr pelo rosto. A primeira mamada, que aconteceu logo depois do nascimento da pequena, foi bem enganadora. Eu ainda não tinha leite, só uma quantidade pequena de colostro, e achei muito engraçado ter um bebê tão pequenininho ali no meu peito (fazia cócegas!). Claro que Catarina ainda nem sabia onde estava, mas foi impressionante constatar que ela sabia exatamente o que fazer: sugar! Por reflexo, ela procurou o peito e ficou ali, sugando bem fraquinho. Aí eu pensei: “puxa, era só isso? Está fácil!”

Ah, quanta ingenuidade! A filhotinha ainda não tinha mostrado sua força, ou melhor, sua fome! Porque na última noite em que passamos na maternidade, o leite ainda não havia descido. E a pequena estava faminta! No meio da madrugada ela ficou uma hora e meia no peito, e foi nesse momento que eu entendi o que me esperava pela frente. Porque, obviamente, depois dessa mamada, meus peitos ficaram em uma situação deplorável!

Por mais que alguém te diga que as primeiras semanas de amamentação doem, por mais que você se prepare psicologicamente para isso, por mais que você tente preparar o bico do seio durante a gestação, a verdade é que você não sabe como enfrentar a dor que sente. A não ser que seja sua segunda, terceira gestação, porque aí você sabe exatamente o que esperar (não dá para esquecer!). Dói a ponto de você chorar enquanto o bebê mama; dói a ponto de você não conseguir encostar o sutiã no bico, dói para passar a pomada cicatrizante, dói a ponto de você pensar em desistir da amamentação, por mais que acredite na importância dela para a saúde do filhote. Sangra. E você só persiste porque está convencida de que não existe leite melhor no mundo do que o materno.

Eu faço questão de contar tudo isso para ser um motivador para aquelas mães que estão nas primeiras semanas do pós-parto. Porque quando a gente ouve de outra mulher que ela passou pelas mesmas dificuldades, que também pensou em desistir, a gente se sente mais humana. E ouvir que tem luz no fim do túnel anima a continuar naquele caminho! Então agora eu conto o fim da minha história: depois de duas semanas, a dor começou lentamente a diminuir. E depois de um mês eu não sentia dor alguma ao amamentar. Muito pelo contrário: era tanto hormônio (produzido em resposta à sucção do bebê) circulando no corpo, que eu ficava relaxada, molinha, com um sono tão bom…! Mas a melhor parte era sentir o vínculo de amor que a amamentação nos proporcionou.

Eu sei que muitas mães não conseguem amamentar seus filhos. Ou que amamentam por um mês e param. Ou por seis meses e acham que está excelente. E outras que amamentarão por anos. Algumas farão amamentação exclusiva, outras não conseguirão. Eu acho que a história de amamentação de cada uma é única e deve ser respeitada. Se você não puder amamentar no peito, coloque seu bebê junto à sua pele para dar a fórmula, aconchegue-o. Se você puder amamentar, aproveite essa oportunidade de nutrir seu bebê com seu leite, que é riquíssimo em nutrientes e anticorpos. Seja como for, mostre ao seu filho a imensa felicidade que ele trouxe para sua vida!