Minha mãe é uma daquelas mulheres admiráveis. Forte, definida, uma verdadeira leoa até hoje, quando precisa defender as filhas. Foi ela quem me ensinou muito sobre o mundo, e quando recebi a notícia de que havia um bebê a caminho, foi ela quem me disse as primeiras palavras realistas sobre a maternidade.

Ela tentou me preparar para o que viria, para o que eu sentiria, porque ela sabia que não seria fácil. Assim que o teste de farmácia deu positivo, passei a mão no telefone para lhe dar a notícia. Eu não sabia que do outro lado da linha ela estava no trânsito – e quando disse que estava grávida, ela quase bateu o carro. Teve que parar no acostamento para respirar, tamanha sua emoção (tenho certeza de que ela se lembrou das três vezes em que soube que teria um filho, e como isso havia mudado sua vida).

Engraçado perceber que algumas das coisas que ela me disse na época, eu só entendi de verdade quando Catarina nasceu. E por mais que eu queira deixa-las registradas aqui, para que um dia a pequena as leia, tenho certeza de que só serão compreendidas quando a filhota for mãe. Talvez você também sinta o mesmo, e ficarei feliz se elas tocarem seu coração.

Imagem: 123RF

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Minha mãe me disse que:

– Eu não fazia ideia do que era o amor de mãe. Do tamanho da doação necessária para cuidar de um filho, logo que ele nasce. Que eu iria deixar, por um tempo, o resto do mundo inteiro de lado, a ponto de respirar minha filha 24 horas por dia. Que eu iria ficar de pijama boa parte do dia, que eu me arrastaria da minha cama até o berço quantas vezes fossem necessárias, e que eu iria cansar (ah, como iria!). Que eu suportaria as dores no peito, nas primeiras semanas de amamentação, para que minha filha ficasse bem alimentada. Que eu sentiria meus braços doerem, de tanto embalar a pequena para dormir.

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– Eu me sentiria culpada. Por não saber o motivo dos choros, por ter ficado com a pequena no vento, e depois perceber que ela ficou resfriada. Culpada por querer fugir daquela rotina doida, de trocar fralda, amamentar, ninar e começar tudo de novo uma hora depois. Culpa por não me achar forte o bastante, sábia o bastante, e por achar que minha filha merecia uma mãe melhor do que a que eu conseguia ser.

– Eu teria medo. Medo do parto e de não conseguir trazer minha filha ao mundo, medo de leva-la para casa e não saber cuidar dela. Medo da primeira febre, das idas ao pronto-socorro, de deixa-la escorregar na banheira. Medo de que alguém levasse minha filha embora no supermercado, de que ela batesse o rostinho na quina da mesa de centro, de que ela engasgasse com o caroço da pipoca. Medo de não ser a mãe que eu desejaria ser.

– Eu não conseguiria acertar sempre. Por mais que eu tentasse, estudasse, me dedicasse, minha mãe me disse que eu erraria, assim como ela também errou. Que por muitas vezes eu teria vontade de proibir minha filha de fazer algo, quando o mais acertado seria deixar que ela tentasse; e vice-versa.

– Eu precisaria de ajuda. Minha mãe me disse e repetiu tantas vezes isso, mas eu custei a entender. Ela me dizia que o meu grau de esgotamento seria tão grande, que o mais acertado seria delegar alguns cuidados com a pequena algumas vezes – e que isso não significava ser uma mãe pior, nem ter falhado no meu papel. E que, além de voltar mais forte para o batente, depois de descansar, seria também bom para minha filha – pois ela precisaria sentir que pertence a um núcleo, uma família, e que pode contar com ela.

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– Eu teria vontade de chorar. E que quando essa vontade viesse, eu deveria chorar mesmo, sem me reprimir. Porque não é fácil se reconhecer responsável pela vida de outra pessoa, ver-se sozinha em casa e saber que o mundo continua rodando lá fora; porque é duro quando você está doente mas tem que continuar com a rotina pesada de cuidar de um bebê. Porque não há coisa pior do que ver um filho sofrer, e não poder fazer muito para ajudar (além de abraça-lo e dizer que o ama mais do que tudo no mundo). Porque haveria horas em que eu precisaria deixar de lado os meus sonhos, para alimentar os de minha filha.

– Eu agradeceria cada dia ao lado de minha filha. Porque se a maternidade é um dos maiores desafios possíveis na vida de uma mulher, é também a oportunidade de conhecer um amor maior, que supera o egoísmo, que te ensina o prazer de se doar para ver o filho crescer. Que eu desejaria parar no tempo, para sentir a sensação de ter o filhote no colo, aquecido, protegido, para sempre. Que eu perceberia que, nos olhos de um filho, você se enxerga refletida, e que esse sentimento te une a ele é capaz de vencer distância e tempo – é imortal.