Há pouco tempo, recebi uma mensagem da leitora Gabriela* relatando um fato complicado no dia do nascimento da sua filha. A mãe contou que a pequena sofreu um ferimento durante o parto (feito por meio de cesárea) e precisou levar pontos na cabeça, logo no primeiro dia de vida. Hoje, com um mês, a bebê está bem, mas ainda apresenta uma cicatriz no local – e basta olhar para a filhota para que a mamãe se sinta culpada, pois “para variar, as mães se culpam por tudo”.

Contudo, acho importante dizer que uma responsabilidade como essa não cabe a qualquer mãe. Não sei se vocês acompanharam, mas no ano passado um caso parecido, que aconteceu em uma maternidade do SUS na Bahia (onde mais uma bebê foi ferida na cabeça durante a cesárea), virou manchete em alguns jornais. Certamente colocar a culpa no sistema público também não seria razoável – a própria Gabriela teve sua filha em uma maternidade particular de referência. Para se informar, nesse post você confere mais detalhes do depoimento da leitora e dicas de como proceder em situações como essa. Lembrando que aqui a proposta não é alarmar, nem criar polêmica, e sim fornecer informações para que os pais entendam como é possível agir diante de um problema assim – e, principalmente, fazer com que as mães compreendam que a culpa não é sempre nossa!

Imagem: 123RF

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Relato de mãe

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Imagine acabar de dar à luz e, pouco tempo depois, ouvir entre os médicos um burburinho a respeito de um corte. Recém-saída de uma cirurgia, fica difícil ir atrás de informações sobre o que se está ouvindo (especialmente quando as notícias ainda não são claras). Pois foi isso o que aconteceu com a Gabriela: ela só soube que a equipe estava se referindo a um ferimento na cabeça da sua filha quando perguntou ao marido, que recebeu a notícia primeiro.

A mãe, inclusive, chegou a receber a bebê antes – e viu que na “touquinha” da pequena (colocada pelos enfermeiros logo após o banho) havia uma manchinha de sangue. Porém, nem assim, ela foi informada sobre o acontecido.

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A notícia oficial chegou mesmo um tempo depois, quando a mãe já estava na sala de recuperação. De acordo com ela, foi então que a cirurgiã a visitou para dar explicações. “Ela me informou que fariam sutura na minha filha, que seriam dois pontinhos bem superficiais que até cairiam sozinhos, pois seriam feitos com fios reabsorvíveis e que não ofereciam danos maiores”, conta Gabriela, que só conseguiu se acalmar depois disso. “A médica também disse que às vezes acontecia mesmo esse tipo de coisa no hospital, mas que minha bebê tomaria anestesia local para a sutura e que seriam preservados os cabelinhos dela para realizar o procedimento. Horas depois, a enfermeira disse que tudo havia corrido tranquilamente e que a minha filha estava muito bem.

 

Riscos são inerentes ao procedimento

Além de ter ficado preocupada quanto à necessidade de sutura (ou seja, de dar pontos) na filha, ainda no hospital, Gabriela ficou ainda mais tensa quando foi à primeira consulta com o pediatra, e ele ficou espantado com o que havia acontecido. Daí veio a dúvida da mãe: será que casos assim, na verdade, não são tão comuns e tratam-se de erro médico? A verdade é que isso, infelizmente, pode ocorrer, sim. A cesariana é uma cirurgia e, assim como qualquer procedimento do tipo, envolve riscos.

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Especificamente no caso da cesárea, existem duas maneiras de se abrir a pele da mãe (para tirar o bebê lá de dentro): por meio de bisturi ou bisturi elétrico. Se o procedimento for feito com bisturi, existe o risco de cortar a criança; já se o médico optar pelo bisturi elétrico, pode acontecer de queimar o bebê (inclusive, Gabriela contou que isso aconteceu com a filha de uma amiga dela). Casos assim não são tão comuns de ocorrer, mas são riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico – e toda pessoa que passar por uma cirurgia está sujeita a eles. E acontece não só de machucar o bebê, mas também de ferir órgãos da mãe.

 

E daí, o que fazer?

Se seu filho for ferido durante a cesárea, o hospital deverá tomar as primeiras providências para tratar o ferimento. Mas, quando deixar a maternidade, não deixe de consultar o pediatra que já estava acompanhando seu pré-natal, para que ele avalie o caso e dê as recomendações necessárias, a fim de minimizar os efeitos do ferimento.

Outra medida possível seria procurar a Justiça. No caso que citei lá em cima, da bebê da Bahia, os pais chegaram a fazer um boletim de ocorrência na polícia, para denunciar o acontecido (e mãe e médico foram intimados a prestar depoimento). Contudo, vale ressaltar que nem sempre essas denúncias vão adiante, pois erros como esse constituem riscos inerentes à cirurgia.

 

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Tem como prevenir?

Infelizmente, não (por isso, não se culpe caso passe por uma situação dessas). O que está ao alcance da mulher é optar pelo parto normal, que envolve menos perigos à mãe e ao bebê, sempre que possível. Quando, no entanto, por recomendação médica, a cesárea deve ser realizada, recomenda-se que, ainda no pré-natal, a gestante escolha uma equipe com boas referências. Claro que isso não é garantia de que algum problema possa ocorrer, mas já é, de certa forma, uma maneira de diminuir os riscos.

*o nome da entrevistada foi alterado a pedido da mesma.