Era uma vez uma mulher chamada Carla Silva. Ela se casou, teve dois filhos, agora com 5 e 3 anos. E no fim do ano passado deu à luz a uma menina, de nome Nivea (minha xará, não deixei de notar), com microcefalia. Desde que o bebê nasceu, seu marido saiu de casa, e só registrou a filha 30 dias após o nascimento, por pressão da própria mãe (a sogra de Carla).

Essa história me comoveu logo pela manhã, ao ler uma matéria do Estadão, publicada também no UOL, cujo título era: “Homens abandonam mães de bebês com microcefalia em Pernambuco”. Sim, no plural: como o texto conta, essa não é uma história isolada – muitas mulheres têm visto seus maridos saírem pela porta da casa para não mais voltar, depois do nascimento de filhos com a doença (às vezes antes, durante a gestação, quando o diagnóstico é feito). Triste? Muito. Novidade? Não, não é. Quantas famílias já foram desfeitas depois que uma criança com problemas de desenvolvimento veio ao mundo! Aparentemente, enquanto as mães fazem “das tripas coração” para aceitar uma condição que não foi desejada, alguns pais não resistiriam à realidade, deixando o bebê para trás, para seguir a vida.

Imagem: 123RF

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Não tenho dúvida de que isso é consequência de um grande erro da sociedade em que estamos inseridos – que delega (quase que exclusivamente) à mãe a tarefa de cuidar do filho, enquanto o marido funciona como provedor da casa, financeiramente. Claro que isso está começando a mudar, e começa a surgir uma geração de pais que entendem que prover é mais do que dar dinheiro – é dar amor, carinho, participar da vida em família, exatamente como a mulher faz. Que divide tarefas, que está presente, e que compreende que a vida não pode mais ser a mesma depois que um filho nasce. Ele também terá que fazer concessões, para participar efetivamente.

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Mas, infelizmente, esses homens ainda são uma minoria. Na maior parte das vezes, é a mãe que continua segurando o rojão, que muda sua rotina, suas prioridades, para atender ao bebê que chega. E isso acontece em qualquer parte do país – da maior à menor cidade do Brasil, da mais rica à mais pobre, porque é algo enraizado em nossa cultura. E o resultado acaba sendo esse: o da falta de comprometimento de alguns (por favor, claro que não estou generalizando e sei que existem excelentes pais por aí), quando a coisa realmente aperta.

Também acredito que a gravidez proporcione à mulher um vínculo inicial com o filho que não pode ser o mesmo que o homem tem (embora eu conheça pais ainda mais entusiasmados com a chegada de um bebê do que a mãe). Sentir um bebê mexer na barriga, dividir o mesmo corpo com ele por alguns meses é uma sensação indescritível. Mas, sinceramente, não acredito que o que faça esses homens saírem de casa seja a falta dessas experiências, e sim a falta de um entendimento de seu papel como pai, de que seu amor é fundamental na criação do filho, de que ele é tão responsável por essa criança quanto a mãe que a gesta.

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E como mudar isso? Criando meninas e meninos preparados para uma nova realidade. Não é a primeira vez que bato na tecla: mães, não percam a oportunidade de criar filhos melhores! Mas, cá entre nós, uma andorinha sozinha não faz verão. Precisamos que os pais, os homens, também participem do processo. Se pais de meninas, que mostrem o quanto elas merecem um homem que as ame, respeite, e que encare a vida familiar de peito aberto. Se pais de meninos, que ensinem que homem de verdade também cuida da casa e dos filhos (e não adianta só falar, tem que ser exemplo).