Hoje, quando estava indo buscar Catarina na escola, levei um pequeno susto. Quase no portão de entrada, acabei pisando em um desnível da calçada e me espatifei no chão. Não que isso seja alguma novidade – já levei muito tombo na vida. Mas engraçado como a maternidade muda até um fato aparentemente corriqueiro!

Deve ter sido um tombo feio para quem viu de fora, pois muitas pessoas se prontificaram a me ajudar. Fiquei parada, sentada no chão, enquanto avaliava se conseguiria apoiar o pé para me levantar. E de tudo o que eu poderia ter pensado naquele momento, o que me veio à cabeça foi: “ainda bem que cheguei à escola. Pior teria sido se estivesse longe, se tivesse me machucado mais, e não conseguisse buscar minha filha”.

Acredito que toda mãe (e todo pai também, é claro!) compartilhe desse mesmo receio: o de não estar presente quando o filho precisa. E esse é apenas um dos medos que surgem quando o bebê nasce! Porque se o parto marca o ponto em que passamos a descobrir uma força que não imaginávamos ter, também nos descobrimos com certas angústias que antes não passavam por nossos corações:

Imagem: 123RF

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  1. Mãe tem medo de não conseguir… Ser uma boa mãe! De não entender o motivo do choro nos primeiros meses do filhote, de não saber quando é hora de correr para o pronto-socorro, de não amamentar/alimentar direito, de ter dado colo demais ou de menos. Alguma semelhança com o que passou na sua cabeça?
  2. Mãe tem medo de que o filho morra antes dela. Ou de que ela morra quando o filho ainda é pequeno. Talvez esse seja o maior dos medos, aquele que por vezes nos tira o sono, que aparece em nossos piores dias. Eu senti no dia em que Catarina foi internada na UTI, e sei o quanto ele é visceral e atordoante. Ver a inversão da ordem natural, em que os pais envelhecem e se vão antes dos filhos é algo tão sofrido, que não conseguimos nos manter indiferentes a uma mulher que tenha passado por isso. E o contrário é ainda mais triste: quando se deixa uma criança órfã, em uma idade em que o carinho e a proteção materna são quase que um alimento diário, que não é palpável, mas tão ou mais necessário do que a comida.
  3. Mãe tem medo de que o filho sofra. E não importa se é por uma crise de cólica, porque caiu no chão e se machucou, ou porque levou um fora da namorada. Mãe, se pudesse, polparia seu pequeno de todos os males do mundo! Dos pequenininhos, como um simples resfriado, de um dedinho preso na janela do carro, de cair da cama dos pais, de uma picada de abelha. Até dos grandes, como uma doença grave, ou um sonho que o filhote não conseguiu realizar.
  4. Mãe tem medo de que o mundo não seja um lugar bom para seu filho. Porque vemos tanta maldade ainda espalhada por aí, que o coração de mãe fica apertado, toda vez que ouve a notícia de um assalto, de uma violência física ou psicológica, de loucos que não conseguem enxergar as pessoas como seres humanos.
  5. Mãe tem medo de não conseguir criar um filho bom para o mundo. Sabe quando você para e se pergunta onde está errando na educação do filhote? Por que, apesar de todo o seu esforço, ele ainda grita, esperneia, bate, mente? Esse é o instante em que você se dá conta do receio de não ser capaz de educar, de que o filhote cresça com valores diferentes dos seus, de que tudo o que você tentou ensinar entre por um ouvido e saia pelo outro (mas não sai, não, se você fez seu trabalho de formiguinha).
  6. Resumindo: mãe tem medo de (quase) tudo! De que o filho não seja feliz, de que um dia vá embora e não volte, de deixar de ser a super-heroína para se transformar na chata que ninguém ouve, de deixar de ser amada quando o filho casa (olha que eu nem cheguei lá, mas já imagino como é esse medo!).

E para que servem todos esses medos? Para nos alertar – porque é preciso cuidar, até que os pequenos sejam fortes o suficiente para andarem com suas próprias pernas. Mas é preciso vencê-los – para que possamos deixá-los voar na hora certa, com a segurança de que ficarão bem!