Uma das coisas que simplesmente não entra na minha cabeça, considerando que estamos em pleno século XXI, é que no Brasil a licença-paternidade seja de apenas cinco dias. Quem já passou pela experiência de ter um recém-nascido em casa sabe que o ritmo nos primeiros dias de vida do bebê é completamente insano – dorme-se muito pouco, passa-se o dia no processo da amamentação, sem contar as outras atividades da casa, que continuam existindo. E quando uma lei determina que o pai seja liberado do trabalho por um período tão curto, coloca-se no ombro da mulher uma quantidade de trabalho indescritível. Mais do que isso: por um lado, fica subentendida a responsabilidade quase que exclusiva da mãe no cuidado com os filhos – e de outro, tira-se do pai a chance de um maior convívio com o bebê e o desenvolvimento de um vínculo precoce, que só ajudará no fortalecimento da família como um todo.

Pois em outros lugares do mundo, o papel do pai na criação dos filhos é muito mais valorizado. Na Suécia, por exemplo (um dos países mais desenvolvidos do mundo, e tido como um dos melhores para se viver), a licença concedida para um casal que teve um filho é de 480 dias (sim, mais do que um ano!), sendo que cada um dos pais é obrigado a tirar pelo menos 60 dias – o restante do tempo é dividido como marido e esposa decidirem. Embora apenas 12% dos pais suecos dividam esse período de forma igualitária com as mães, a participação do pai nos cuidados com as crianças é muito maior do que ocorre em nosso país – há, inclusive, aqueles que decidem ficar um ano inteiro em casa! E foi registrando o dia-a-dia desses pais que assumiram a função de permanecer meses em casa, que o fotógrafo Johan Bävman criou um projeto muito especial: o “Swedish Dads” (Pais Suecos). Aliás, ele teve a ideia na fase em que ficou cuidando de seu filho recém-nascido.

A seguir, eu mostro algumas das imagens desse projeto. E o mais emocionante é perceber que essas são cenas bastante conhecidas por nós, mães (é o que vivemos todos os dias!). Talvez seja preciso que vejamos algumas fotos para percebermos que eles, pais, também são capazes de cuidar dos filhos – é só uma questão de mudarmos a nossa cabeça, nos livrarmos de preconceitos e termos uma legislação que permita a maior participação deles.

Vem conferir as fotos, e o depoimento de cada pai contando o que aprendeu nesse ano de licença-paternidade:

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Johan Ekengård é desenvolvedor de produtos e pai de Ebbe (7 anos), Tyra (5 anos) e Stina (1 ano). Ele passou nove meses de licença paternidade com cada um de seus filhos: “A perda financeira de ficar em licença vale cada centavo. Eu ganhei confiança sendo pai para os meus filhos, a compreensão da minha esposa, e laços mais fortes com meus filhos.”

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Samad Kohigoltapeh é engenheiro civil e pai das gêmeas Parisa e Léia (1 semana). Ele passará 4 meses em licença conjunta (pai e mãe) e mais 6 meses em licença paternidade com as filhas: “Quando você decide trazer dois novos indivíduos a este mundo, você também tem que assumir a responsabilidade de criá-los ao longo de suas vidas. Eu tive que discutir com minha esposa para ficar mais meses com as crianças, mas acho que é importante para elas ter um pai presente desde cedo em suas vidas.”

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Juan Cardenal é estudante de design industrial e pai de Ivo (1 ano) e Alma (4 anos): “Sou eternamente grato por ter ficado em licença por um período tão longo. A licença paternidade mudou minha maneira de olhar para a vida: mudei meu ritmo e tive tempo para refletir sobre as coisas. Durante a segunda licença, tive a oportunidade de mudar minha carreira e, ao mesmo tempo ver meus filhos aprenderem a andar, falar, comer…”

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Marcus Pranter é comerciante de vinhos e está passando oito meses de licença com seu filho: “Minha esposa e eu somos igualmente pais para nosso filho e, portanto, devemos compartilhar a responsabilidade de sua educação. Quanto mais você esperar para gozar da licença paternidade, mais difícil será se relacionar com seu filho, uma vez que é mais fácil para as crianças aceitarem coisas novas e criarem laços em uma idade precoce”.

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Urban North é consultor de infraestrutura e pai de Holger (10 meses): “Minha esposa e eu tentamos dividir as tarefas de maneira mais igualitária possível em nossa vida cotidiana.”

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Tjeerd van Waijenburg é desenvolvedor de produtos da IKEA e pai de Tim  (1 ano e 4 meses): “Em meu trabalho eles me incentivam a ter tempo livre para ficar com Tim, que se sente bem com isso. Estou pensando em reduzir minha semana de trabalho, a fim de passar mais tempo com ele durante seus primeiros anos.”

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Göran Sevelin é estudante, e pai de Liv: “O sling é um substituto para a proximidade entre mãe e filho durante a amamentação. Eu acho que é importante compartilhar a responsabilidade de ficar em casa com os filhos, mesmo que você perca financeiramente. Temos menos dinheiro porque eu fico em casa, mas por outro lado terei mais tempo de vínculo com a minha filha, e isso é o mais importante para o nosso futuro juntos.”

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Ingemar Olsen é consultor de TI, e pai de Linus (1 ano) e Joel (4 anos): “Para mim, tirar a licença paternidade foi uma decisão fácil. Embora meu local de trabalho seja muito machista, meu empregador valoriza a vida da família e me incentivou a tirá-la. Ser um bom pai também tem a ver com lidar com as tarefas e os desafios da vida diária. A licença tem me dado muita felicidade e uma melhor compreensão das necessidades dos meus filhos.”

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Loui Kuhlau é artista e pai de Elling: “Se eu não tivesse tido a oportunidade de estar em casa com nosso filho há quase um ano, eu provavelmente não teria conhecido quem ele é como pessoa e quais são suas necessidades. Mesmo que seja um trabalho em tempo integral, eu tenho dificuldade em entender por que outros homens não gostariam de estar em casa com seu filho. ”

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Jonas Feldt é administrador, e pai das pequenas Siri (1 ano) e Lovis (3 anos): “Eu acordei para a questão quando li uma pesquisa realizada pela revista juvenil Kamratposten, na qual as crianças afirmavam se voltar para a mãe quando estavam chateados, buscando conforto ou precisando de alguém para conversar. Depois da mãe vinha um outro parente, em seguida o irmão ou alguém da escola, e só depois de muitas pessoas vinha o pai. Eu quero que meus filhos se sintam tão seguros comigo como com a sua mãe, e sei que o vínculo é algo que eu vou construir durante a minha licença paternidade. Eu não quero ser apenas o pai divertido.”

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