Nos últimos meses, mudamos diversos hábitos em minha casa. Incrível como só passamos a fazer uso da água de forma consciente quando a ameça de ficarmos sem ela, em minha cidade, se tornou real. Hoje, quando ligamos um chuveiro, há sempre um balde ao lado, coletando litros que seriam perdidos até que a temperatura do banho seja atingida. Reutilizamos essa água na limpeza da casa, assim como a da máquina de lavar de roupa. Não ligamos a máquina de lavar louça até que ela esteja lotada (e, mesmo assim, no ciclo econômico). Isso só para citar alguns poucos exemplos do quanto a crise hídrica modificou nossa família – e, certamente, para melhor!

E é exatamente sobre esse assunto que a nossa colunista sobre vida sustentável e voluntariado, a Anna Carolina Bruschetta, conversa conosco no post de hoje. Leve cinco minutinhos para ler o texto – talvez eles sejam os mais importantes de todo o seu ano!

Por Anna Carolina Bruschetta

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lavando as maos

Aquele famoso ditado “a gente só dá valor quando perde”, mais uma vez, mostra sua força. A água e todo o sistema que a leva até nossas casas aqui, no Sudeste, se tornaram um dos assuntos (e preocupações) mais comentados em todos os ambientes: nas reuniões de família, nos restaurantes, na televisão, no metrô, no salão de cabeleireiro… E não é à toa: a falta de água, que antes atingia apenas um porcentagem da população – aquela mesma do “não é problema meu” (porque em suas casas não faltava, certo?)  – passou a atingir simplesmente a quarta maior cidade do mundo. E aí… O problema entrou em nossas casas e virou nosso, não é mesmo?

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Esta semana, enquanto dava banho em meu filho que acabou de completar três anos, ele mesmo me pediu para fechar o chuveiro, para que pudesse se ensaboar. Não foi apenas o gesto que me tocou, e sim a consciência e os valores que estão sendo absorvidos pelo pequeno: “Mamãe, pode fechar agora. Assim, todas as crianças podem tomar banho também, igual a mim, não é, mamãe?”.

Na geração dos nossos pais, ameaças climáticas e escassez de recursos eram apenas roteiros de filmes de ficção científica ou gritos de ambientalistas solitários que eram vistos como loucos pelo resto do mundo. Na nossa geração, essa realidade já começou a mudar: estudos científicos comprovaram impactos reais em nossas vidas, governos começaram a discutir sobre o tema e as empresas passaram a ser cobradas pela sociedade para reduzir ou compensar o impacto negativo gerado por suas produções. Mas e nós? Como nós fomos respondendo a isso? Aderimos a uma causa ou outra, é verdade, mas até então o tema não havia batido tão forte em nossa porta. Nós somos a geração do meio termo: aquela que abomina o lixo na rua, mas que não se importa em produzir uma quantidade imensa nas festas dos nossos filhos, customizando rótulos e embalagens que já possuem esses materiais. Nós temos consciência mas falta atitude – ainda estamos mais no individual do que no coletivo.

Entretanto, nós estamos entrando na “Era da gentileza” – nunca no mundo precisamos tanto de cooperação, coletividade, pensamento em rede e solidariedade. Os problemas sociais e ambientais, que antes apenas nos assombravam, agora batem à nossa parte e exigem esforços coletivos. Não basta que você economize água, seu vizinho também precisará fazer o mesmo. Não basta separar seu lixo para reciclagem, é preciso saber se o processo de reciclagem das cooperativas não está poluindo as nascentes dos rios. Não basta saber que seu filho é uma criança saudável e feliz – um dia, ele mesmo irá te perguntar sobre aquela criança que chora e passa frio embaixo de um viaduto. A pergunta é: como estamos preparando nosso filhos para essa nova era? Quais são os valores que eles precisam absorver para terem mais atitudes coletivas do que nós?

A crise hídrica tem ensinado muito sobre isto: escolas inseriram o assunto na pauta, estamos todos preocupados com o nível das represas e conscientes todas as vezes em que abrimos as torneiras. Estamos educando pelo exemplo, e essa é, com certeza, uma das mais efetivas e melhores formas de repassarmos valores e atitudes para nossos filhos.

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Que tal aproveitarmos para também olharmos e agirmos nas tantas outras crises que estão acontecendo neste momento no nosso bairro, na nossa cidade e no nosso país? Vamos dar o exemplo para nossos filhos em suas festas, reduzindo a quantidade de lixo produzido. Vamos ensinar de onde vêm os alimentos e todos os recursos que são utilizados para produzi-los, ao mesmo tempo em que evitamos o desperdício de comida na nossa geladeira. Vamos estimular que nossos filhos dividam brinquedos com os amigos, mas também vamos dar o exemplo, dividindo nosso conhecimento com outras mães que estão entrando nesse universo da maternidade e participando de organizações que apoiam mães jovens ou vulneráveis. Vamos ensinar para eles que o mundo é de todos, e que, se cada um fizer sua parte, toda a sociedade terá seus direitos garantidos. E para mostrar isso, vamos nós fazer a nossa parte e exercer nosso papel de mães cidadãs que se preocupam com o mundo. Que deixarão para seus filhos, assim como para todas as outras crianças que nele vivem.

anna carolina