Eu me lembro de algumas vezes durante a minha infância em que eu me sentia cuidando de minha mãe. Quando ela estava triste, ou preocupada com algo, eu lhe fazia um carinho, e lá ficava ela: alguns minutos encostada em meu ombro, como se fosse ela a filha, e eu a mãe. Nesses momentos, eu me sentia grande, forte, madura. Eu sentia possuir todas as qualidades que via nela, por ser capaz de reproduzir, por apenas alguns instantes, todo o amor que ela me dedicava diariamente.

pomegranates via Compfight cc

Imagem: pomegranates/Creative Commons

O tempo passou e hoje foi a primeira vez que me vi na situação inversa. Catarina me colocou deitada em seu colo e quis brincar de ser minha mãe. Tão carinhosa, tão dedicada, tão paciente. No início, fiquei feliz por pensar que ela estava reproduzindo um padrão que aprendeu aqui em casa. Mas a verdade é que ela me pareceu uma mãe milhões de vezes melhor do que sou.

Ela repetia todas as frases que costumo lhe dizer. Mas sem sinais de impaciência ou de irritação, que por vezes deixo transparecer. Ela parecia ter todo o tempo do mundo para mim; sem se preocupar com o relógio, sem tentar me apressar.

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O que fica desse dia para mim é que não se consegue ser a mãe que você sonha em ser todos os dias. Por vezes você se chateia, se estressa, e pisa na bola. Mesmo assim, quando se tem amor, não é isso o que ficará marcado em um filho. Ele te compreenderá e perdoará suas falhas. Ele te afagará e abrirá um grande sorriso. E crescerá, para se tornar um pai ou uma mãe com uma grande capacidade de amar.