No post de hoje nossa querida hebiatra Bianca Lundberg discute um tema super atual e importante: será que existem fatores que estão acelerando o início da puberdade em nossos filhos? Estresse, alimentação e substâncias presentes no nosso dia-a-dia podem influenciar no desenvolvimento puberal precoce? Não deixe de ler!

Por Dra. Bianca Lindberg

Existe um assunto que gera dúvidas e preocupações em pais e mães, e que por isso é um questionamento frequente que recebo: será que certos hábitos e características podem “acelerar” a puberdade de nossas crianças?

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Primeiramente, vamos relembrar o limite normal para início da puberdade. As mudanças físicas podem COMEÇAR aos 8 anos para as meninas e aos 9 anos para os meninos, sem que precisemos suspeitar de algo errado. Para que isso comece a acontecer, o sistema nervoso da criança recebe mais estímulos através do hormônio GNRH. Em poucas palavras, ele estimula o maior funcionamento dos hormônios sexuais do paciente e impulsiona o aparecimento dos caracteres sexuais secundários, transformando aos poucos o corpo infantil em adulto.

Um estudo publicado este ano em um importante periódico internacional mostra que pesquisadores do assunto ainda não demonstram consenso na resposta à essa questão: alguns conseguiram associar exposição a certas substâncias com desenvolvimento puberal precoce, outros deixam a dúvida no ar, e outros negam completamente. E para que possamos discutir aqui melhor essa relação entre puberdade e o meio em que a criança vive, precisamos falar sobre um termo pouco conhecido dos pais – os “desreguladores endócrinos”.  Eles são substâncias presentes no meio ambiente, de modo natural ou artificial, que podem interferir no funcionamento hormonal dos seres vivos. Assim, podem então afetar a saúde, o crescimento e a reprodução.

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Quando estamos pensando na antecipação da puberdade e a relação disso com o meio em que essa criança vive, devemos pensar em dois tipos de fatores em ação: os intrínsecos (únicos, individuais) e os desreguladores (naturais ou artificiais), que acabamos de mencionar. Vamos ver como cada um deles atua.

Sobre os fatores intrínsecos: além da própria genética, que está relacionada ao momento em que a puberdade se inicia comprovadamente, já foram estudados outros elementos que poderiam interferir no desenvolvimento puberal da criança. Eis o que as pesquisas indicam sobre eles:

– Peso: alguns estudos associam o sobrepeso e obesidade com puberdade precoce, principalmente em meninas (pela ação de substâncias como a leptina);

Alimentação: o ideal é evitar sobrepeso.

Alimentação: o ideal é evitar sobrepeso. Imagem: TaylorB90 via Compfight cc

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– Crescimento pré-natal: foi observado que bebês mais magros, ou então denominados pequenos para a idade gestacional (com análise do pediatra) podem atingir a puberdade mais cedo, o que está ligado à ideia de ganho de peso muito rapidamente após o nascimento;

– Alimentação: antecipação da puberdade foi associada em poucos estudos com maior consumo de leite de vaca (e proteína animal) e com deficiência de vitamina D;

– Fatores psicológicos e sociais: há a hipótese de que ambientes e situações estressantes estejam envolvidos com as mudanças corporais. Seriam eles: adoção (com mudança de país), alteração de dinâmica familiar (brigas, ausência de figura paterna) e abuso, tanto físico quanto sexual.

Sobre os desreguladores naturais:

– Soja: é sabido que ela contém fitoestrógenos, substâncias com estrutura química parecida com a dos estrógenos, podendo ser estimulantes ou inibidores de receptores desses hormônios. No entanto, não há nada elucidado a respeito da ingestão de soja e sua influência no “relógio” da puberdade. Há conflitos envolvendo estudos com outras substâncias, como óleo de lavanda e erva-doce.

Sobre os desreguladores químicos:

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Há cerca de 40 anos, milhares de pessoas foram expostas acidentalmente a um composto químico nos Estados Unidos; essa população foi seguida clinicamente e alguns apresentaram diferenças no desenvolvimento e na saúde, quando comparadas com pessoas sem a exposição. A partir daí, houve uma dedicação maior ao assunto, sendo os compostos mais estudados os fitalatos, o bisfenol A e os pesticidas.

– Fitalatos: são compostos químicos usados para dar flexibilidade ao plástico, que podem ser encontrados em brinquedos, roupas, cosméticos, entre outros. Seu mecanismo de interferência nos hormônios ainda não está completamente compreendido. Alguns estudos mostram associação entre exposição dos fitalatos e puberdade precoce, mas isso não é consenso.

– Bisfenol-A: composto semelhante ao estrógeno, encontrado em resinas epóxi e plástico. A maior exposição humana acontecia através de contaminação alimentar por embalagens. Há 15 anos, um trabalho renomado conectou o bisfenol-A à puberdade precoce em animais. Os estudos com humanos são poucos e não possuem evidências concretas demonstrando relação de causalidade. De qualquer forma, vários produtos são rotulados como livres de bisfenol-A (ou “BPA free”) e há 2 anos a ANVISA proibiu a substância na fabricação de mamadeiras.

– Pesticidas: dentre os mais de 100 pesticidas classificados como desreguladores endócrinos, o DDT ( diclorofeniltricloroetano) e seu metabólito DDE são os mais estudados. O DDT começou a ser usado como inseticida após a Segunda Guerra Mundial. Em 1962, o livro “Silent Spring” denunciou efeitos cancerígenos e aumento de mortalidade em aves. Alguns artigos confirmam, outros não encontram associação entre os compostos e puberdade precoce. Há ainda aqueles que defendem o uso atual das substâncias para combater doenças como a malária. De qualquer forma, o DDT foi banido totalmente do país há 5 anos.

Mas vocês devem estar pensando: por que será que existem tantos resultados conflitantes, ou que não chegam a nenhuma conclusão? Além da grande dificuldade de testes em grandes amostras de seres humanos, acredita-se que a relação entre a exposição e o efeito possui muitas variáveis: o próprio indivíduo, a concentração do agente, a associação com outros fatores, o tempo de exposição, o tempo de evolução estudado, e muitos outros. Por enquanto, o que temos certeza é que a saúde de uma maneira geral está ligada ao estilo de vida, aos hábitos. Por isso, o melhor que podemos fazer é adiar ao máximo a exposição das nossas crianças às substâncias artificiais.

bianca