Como eu comentei há um tempo aqui no blog, Catarina me pegou de surpresa quando começou a perguntar sobre morte. Enquanto a questão era sobre o ciclo de vida dos seres vivos – nascimento, crescimento e envelhecimento -, sentia-me confortável em falar sobre o assunto. Mas quando esbarramos na fatídica questão: “mãe, você também vai morrer?”. Ah, aí meu coração ficou apertadinho, e com a voz embargada, disse a ela que sim.

Achei que o papo iria terminar naquele dia, mas desde então a pequena tem demonstrado que não o esqueceu. A ponto de me fazer dirigir com mais calma (e se ela estivesse prevendo alguma coisa? Até nisso a gente pensa, mãe é boba mesmo!), para não dar chance ao azar. Vira e mexe a filhota pergunta sobre os parentes que já morreram, e até assistindo aos desenhos animados, faz associações com o tema. “Mãe, cadê a mãe da Cinderela? E a da Pequena Sereia? E a da Bela? E os pais da Branca de Neve?”. Até então eu nunca tinha parado para pensar que a grande maioria das princesas é órfã! E lá fui eu, contar que todos eles tinham morrido! Caramba!

E então foi a minha vez de pensar sobre o assunto. Por que, enfim, tantas histórias envolviam personagens sem pai ou mãe? Resposta: porque se eles estivessem vivos, elas estariam protegidas! No fundo, é como se a maldade só pudesse atingi-las na ausência dos pais – e nesse caso, nenhum dos enredos seria como hoje os conhecemos. Cinderela teria crescido feliz em sua casa e se casaria com um homem de quem sua família gostasse (não é o que se fazia na época?); a Pequena Sereia possivelmente não sentiria tanta vontade de fugir do mar; Bela jamais teria ido ao castelo da Fera e Branca de Neve não teria que enfrentar a escuridão da floresta, nem conheceria os sete anões!

Fiquei pensando que temos muito o que ensinar aos nossos filhos. Temos que educá-los, prepará-los para um dia serem independentes. Mas, principalmente nesse começo de vida, temos que protegê-los! Temos que fazer com que se sintam amados, acolhidos, como se nenhum mal do mundo pudesse chegar perto. Porque depois que crescem, que saem da proteção de nossas asas, já não poderemos fazer nada a respeito. Vou pedir licença a vocês e vou lá abraçar a pequena enquanto ela dorme, dizer em seu ouvido que ela é muito querida, que meu amor por ela durará para sempre (porque não tenho a menor dúvida de que isso seja verdade). Se eu pudesse parar o tempo, pararia hoje, enquanto meus super-poderes sobre monstros e bruxas são tudo o que preciso para salvar o dia!

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