Durante o tempo em que eu cliniquei no sistema público, tive a oportunidade de conhecer algumas mães que procuraram atendimento odontológico para seus bebês, que apresentavam fissuras lábio-palatinas. Eu não sei se você já ouviu falar nesse termo, mas certamente já viu crianças ou adultos com uma cicatriz na região do lábio (resultado de uma cirurgia reparadora) e deve ter se perguntado como elas aconteceram. O fato é que as fissuras em lábio e palato (que nada mais é do que o céu da boca) são malformações congênitas, ou seja, o indivíduo já nasce com elas. Durante a fase de vida intra-uterina os ossos da face devem sofrer uma fusão exatamente no meio do rosto do bebê, o que nem sempre acontece (e é aí que as fissuras aparecem). Além da questão estética, as fissuras lábio-palatinas trazem consigo problemas maiores. A amamentação fica dificultada, podem ocorrer problemas respiratórios (decorrentes da comunicação entre boca e nariz que ocorre nas fissuras palatinas) e até de desenvolvimento da fala. Mas a notícia boa é que tudo isso é tratável, e quanto antes o acompanhamento multidisciplinar começar, muito melhor para a mãe e para o bebê.

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Até ter contato com os números oficiais e receber na prática bebês com a malformação, eu não imaginava que as fissuras fossem tão frequentes. Para que vocês tenham ideia, elas se situam entre o terceiro e o quarto lugar dentre os defeitos congênitos mais frequentes. No Brasil, estima-se que 1 em cada 650 nascidos vivos apresente o problema (o que bastante!). Mas vocês devem estar se perguntando o que fazer para evitá-las, correto? Ou como proceder quando o bebê apresenta a fissura. É o que eu detalharei a seguir:

A prevenção das fissuras lábio-palatinas

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Como as fissuras são de causa genética ou ambiental (no caso, o ambiente é o próprio ventre materno), a prevenção passa por evitar os fatores que as causam. Em famílias onde já houve caso de fissura é importante estar atento para uma nova ocorrência, e testes de aconselhamento genético podem ser feitos. Se for constatado ainda antes do parto que o bebê é fissurado, a mãe deve ser orientada sobre o acompanhamento que o filho terá logo após o nascimento.

O álcool, o fumo, alguns medicamentos, a exposição à radiação e o contato com agentes infecciosos no primeiro trimestre de gestação podem causar as fissuras. Por isso devem ser evitados ao máximo pela grávida. Por outro lado, sabe-se que uma dieta rica em verduras, frutas, legumes, carnes, leite, ovos, vitaminas e minerais reduz a chance do problema acontecer. O ácido fólico prescrito pelo obstetra é fundamental na prevenção da malformação.

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Será que meu filho tem fissura?

Essa é uma dúvida comum entre as gestantes, sobretudo aquelas com casos na família. O diagnóstico é feito através do ultrassom morfológico entre a partir da 14a semana de gestação, mas ainda hoje boa parte dos casos é diagnosticada apenas depois do parto.

 

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O tratamento

As fissuras são tratadas por uma equipe multidisciplinar: o médico-pediatra, o cirurgião-dentista, o cirurgião-plástico, o fonoaudiólogo, o psicólogo, o geneticista e eventualmente uma assistente social. O fechamento do lábio através de cirurgia deve ser feito nas primeiras 24 a 72 horas do nascimento (diferente do que ocorria no passado, quando se aguardavam alguns meses), enquanto o do palato deve esperar (normalmente é feito entre um e dois anos, mas apenas a equipe médica pode avaliar o melhor momento para fazê-lo). Enquanto isso não acontece, devem ser tomados cuidados especiais na amamentação e alimentação do bebê.

 

A amamentação e alimentação do bebê fissurado

Quando possível, a amamentação deve estimulada pela mãe do bebê fissurado (é apenas mito que o bebê com fissura não pode ser amamentado!). Isso porque ela é uma excelente forma de fortalecer a musculatura da face, o vínculo entre a mãe e o filho e de reduzir o risco de infecções (uma vez que através do leite materno o bebê receberá os anticorpos da mãe). Se não houver a possibilidade de colocar o bebê para mamar no peito, o leite da mãe continua sendo o melhor alimento, e deve ser dado com mamadeira (há alguns modelos que favorecem a deglutição do bebê), copinho ou colher. Dessa forma, ele fará menor esforço para se alimentar e tenderá a ganhar mais peso (em geral os bebês fissurados tendem a se alimentar com maior dificuldade, por isso o ganho de peso é uma preocupação constante). No peito, prefira deixar o bebê mamar quase em pé, para que o leite não chegue à cavidade nasal. Pelo mesmo motivo, ao deitar o bebê após a mamada, deixe a cabeceira mais alta do que os pés com o uso de calços nos pés do berço. Caso o bebê engasgue, incline-o de cabeça para baixo para desengasgar.

A região da fissura deve sempre ser limpa após as refeições ou mamadas (para isso é importante que a mãe ou pai estejam com as mãos lavadas). Pode-se usar um cotonete umedecido em água para a realização dessa limpeza.

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Dentes, fala e capacidade mental

Os dentes do bebê com fissura podem ou não sofrer alterações, assim como o processo da fala. Em geral quando a fissura ocorre apenas no lábio, o bebê não apresenta alterações nos dentes ou na fonação (ou ela é mínima). Já quando a fissura chega até a gengiva os palato essas alterações acontecem.

Para finalizar, é importante dizer que a capacidade mental do bebê fissurado é a mesma de qualquer outro bebê. Ele não apresenta qualquer tipo de retardo devido à fissura. Por isso, trate-o como qualquer outra criança da mesma idade do ponto cognitivo! Ele só precisa de muito carinho, apoio e acompanhamento dos pais e da equipe de saúde, pois o tratamento levará anos para ser finalizado.